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VIRTUDES – INTRODUÇÃO

 

O QUE É VIRTUDE

           As virtudes são adquiridas pela repetição dos atos. Regra que, também, vale e se aplica aos vícios. Neste sentido temos: o ato repetido gera o hábito e o hábito, segundo o bem ou o mal, gera ou a virtude ou o vício.

           Virtude é uma qualidade moral particular. Virtude é uma disposição estável em ordem a praticar o bem; revela mais do que uma simples característica ou uma aptidão para uma determinada ação boa: trata-se de uma verdadeira inclinação.

           Virtudes são todos os hábitos constantes que levam o homem para o bem, quer como indivíduo, quer como espécie, quer pessoalmente, quer coletivamente.

           A virtude, no mais alto grau, é o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Segundo Aristóteles, é uma disposição adquirida de fazer o bem, e elas se aperfeiçoam com o hábito.

           Segundo São Gregório de Nissa, a virtude é "uma disposição habitual e firme para fazer o bem", sendo o fim de uma vida virtuosa tornar-se semelhante a Deus

 

VIRTUDES CARDEAIS E VIRTUDES TEOLOGAIS

 

           Desde a Antiguidade até os nossos dias, as virtudes foram classificadas em Cardeais e Teologais. As Cardeais são adquiridas pelo esforço; as Teologais como um Dom de Deus.

 

VIRTUDES CARDEAIS

 

           As virtudes cardeais são aquelas virtudes essenciais da qual todas as outras decorrem. São em número de quatro: prudência, fortaleza, temperança e justiça. Todas as outras devem girar ao redor destas.

           Prudência - É aquela virtude que permite ao entendimento reflexionar sobre os meios conducentes a um fim racional.

           Fortaleza ou valentia - Consiste na disposição para, em conformidade com a razão, isto é, em atenção a bens mais elevados, arrostar perigos, suportar males e não retroceder, nem mesmo ante a morte. A paciência, por exemplo, é uma virtude subordinada à fortaleza, e consiste na capacidade constante de suportar adversidades.

           Temperança - Consiste em aperfeiçoar constantemente a potência sensitiva, de modo a conter o prazer sensual dentro dos limites estabelecidos pela sã razão. Assim, a moderação é a temperança no comer, a sobriedade no beber, a castidade no prazer sexual. São aparentados com a temperança: a negação ou domínio de si mesmo, isto é, a vontade de não se deixar desviar do bem, nem sequer pelas mais violentas excitações do desejo.

           Justiça - Consiste na atribuição, na equidade, no considerar e respeitar o direito e valor que são devidos a alguém, ou a alguma coisa.

 

VIRTUDES TEOLOGAIS

 

           Na ética religiosa a fé, a esperança e a caridade são chamadas teologais, porque não são elas produtos de um hábito, pois o homem não as adquire através de seu próprio esforço.

           A fé é o assentimento do intelecto que crê, com constância e certeza, em alguma coisa. A prudência, a fortaleza, a justiça e a moderação podem ser adquiridas. Ninguém gesta dentro de si a fé; ou a tem, ou não.

           A esperança é a expectação de algo de superior e perfeito. A esperança não é o produto de nossa vontade, mas de uma espontaneidade, cujas raízes nos escapam, porque não é ela genuinamente uma manifestação do homem, mas algo que se manifesta pelo homem, porque não encontramos na estrutura de nossa vida biológica, nem da nossa vida intelectual, uma razão que a explique.

           A caridade é a mãe de todas as virtudes como dizem os antigos, e diziam-no com razão: é a raiz de todas as virtudes, porque ela é a bondade suprema para consigo mesmo, para com os outros, para com o Ser Infinito. A caridade, assim, supera a nossa natureza, porque, graças a ela, o homem avança além de si mesmo, além das suas exigências biológicas.

           Não é o produto de uma prática, porque pode o homem praticar a caridade sem tê-la no coração; pode o homem exibir uma crença firme, sem alentá-la em seu âmago; pode o homem tentar revelar aos outros que é animado pela esperança, sem ressoar ela em sua consciência.

 

POR QUE RAZÃO AS VIRTUDES SÃO IMPORTANTES?

 

           As virtudes são características de caráter que é bom às pessoas possuírem. Isto apenas levanta a questão adicional de saber por que razão as virtudes são desejáveis. Por que razão é uma coisa boa que uma pessoa seja corajosa, generosa ou honesta? A resposta é claro, pode variar dependendo da virtude particular em questão. Assim:

         •A coragem é uma coisa boa porque a vida está cheia de perigos e sem coragem não seríamos capazes de lhes fazer frente.

         • A generosidade é desejável porque algumas pessoas vivem necessariamente em piores condições que outras e necessitam da nossa ajuda.

          • A honestidade é necessária porque sem ela as relações entre as pessoas correriam mal de múltiplas maneiras.

           Olhando para esta lista parece que cada virtude tem valor por uma razão diferente. Aristóteles pensava, no entanto, que é possível dar uma resposta mais geral à nossa questão; nomeadamente, que as virtudes são importantes porque a pessoa virtuosa terá uma vida melhor. A ideia não é que os virtuosos ficarão mais ricos — isso não é obviamente assim, ou pelo menos não é sempre assim. A ideia é que as virtudes são necessárias para orientarmos bem as nossas vidas.

           Para ver o que Aristóteles pretende, considere-se o tipo de criaturas que somos e o tipo de vida que levamos.

              A um nível mais geral, somos seres racionais e sociais que querem e precisam da companhia de outras pessoas. Por isso vivemos em comunidades, entre amigos, família e outros cidadãos. Neste cenário, qualidades como a lealdade, equidade e honestidade são necessárias para interagir harmoniosamente com todas essas outras pessoas. Imagine as dificuldades que uma pessoa teria se manifestasse habitualmente às qualidades opostas na sua vida social.

              A um nível mais individual, as nossas vidas podem incluir trabalhar num determinado tipo de emprego e ter determinados interesses. Outras virtudes poderão ser necessárias para fazer bem esse trabalho ou dedicar-se a esses interesses — a perseverança e a diligência podem ser importantes. Uma vez mais, é parte da nossa condição humana comum que por vezes enfrentemos perigos ou tentações, pelo que a coragem e o autodomínio são necessários.

           A conclusão é que, apesar das suas diferenças, as virtudes têm o mesmo tipo geral de valor: são todas qualidades necessárias para uma vida humana bem sucedida.

 

O HOMEM DE BEM

Allan Kardec "O Evangelho Segundo o Espiritismo", capítulo XVII, item 3.

 

           O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga sua consciência sobre seus próprios atos, pergunta se não violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desperdiçou voluntariamente uma ocasião de ser útil, se ninguém tem do que se queixar dele, pergunta, enfim, se fez aos outros tudo o que desejava que os outros fizessem por ele.

           Tem fé em Deus, em sua bondade, em sua justiça, e em sua sabedoria; sabe que nada acontece sem a sua permissão, e submete-se à sua vontade em todas as coisas.

           Tem fé no futuro; por isso coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.

           Ele sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções, são provas ou expiações, e as aceita sem se lamentar.

           O homem de bem, inspirado pelo sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperança de retorno; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte e sempre sacrifica o seu interesse pela justiça.

           Encontra satisfação nos benefícios que distribui, nos serviços que presta, nas alegrias que proporciona, nas lágrimas que faz estancar, nas consolações que proporciona aos aflitos. Seu primeiro ímpeto é pensar nos outros, antes de pensar em si, é buscar o interesse dos outros antes do seu próprio. O egoísta, ao contrário, calcula as vantagens e as perdas de toda ação generosa.

           O homem de bem é humano, é bom e benevolente para todo mundo, sem distinção de raças nem de crenças, porque vê irmãos em todos os homens.

           Respeita todas as convicções sinceras nos outros, e não amaldiçoa aqueles que não pensam como ele.

           Em todas as circunstâncias a caridade é o seu guia; reconhece que aquele que prejudica o seu semelhante com palavras maldosas, que fere a suscetibilidade de pessoas com o seu orgulho ou o seu desdém, que não desiste diante da ideia de causar um sofrimento, uma contrariedade, mesmo leve, quando poderia evitá-la, falta ao dever do amor ao próximo e não merece a clemência do Senhor.

           Não tem ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, ele perdoa e esquece as ofensas, e só se lembra dos benefícios, porquanto sabe que será perdoado, assim como ele mesmo houver perdoado.

           É indulgente para com as fraquezas dos outros, porque sabe que também necessita de indulgência, e se recorda destas palavras do Cristo: "Que aquele que está sem pecado lhe atire a primeira pedra".

Não sente prazer em procurar os defeitos dos outros, nem em colocá-los em evidência. Se a necessidade a isso o obriga, procura sempre o bem que pode atenuar o mal.

           Estuda as suas próprias imperfeições, e trabalha incessantemente para combatê-las. Todos os seus esforços são empregados para que amanhã possa dizer que existe nele algo melhor do que na véspera.

Não procura fazer valer nem seu espírito, nem seus talentos a custa de outros; ao contrário, aproveita todas as oportunidades para fazer sobressair as qualidades dos outros.

           Não se envaidece da sua fortuna, nem das suas vantagens pessoais, porque sabe que tudo quanto lhe foi dado pode ser retirado.

           Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que se trata de um depósito do qual terá que prestar contas; sabe também que o emprego que lhes pode dar, mais prejudicial para si mesmo, é o de utilizá-los para a satisfação das suas paixões.

           Se a ordem social colocou pessoas sob a sua dependência, ele as trata com bondade e benevolência, porquanto, perante Deus, são iguais a ele. Usa a sua autoridade para lhes levantar o moral, e não para esmagá-los com o seu orgulho, e evita tudo o que poderia tornar sua posição subalterna mais penosa ainda.

           A pessoa subordinada, por sua vez, compreende os deveres da sua posição, e tem escrúpulos em não cumpri-los conscienciosamente.

           O homem de bem, enfim, respeita nos seus semelhantes todos os direitos que as leis da Natureza lhes concede, como desejaria que os seus fossem respeitados.

           O que acabamos de expor não é a enumeração completa de todas as qualidades que distinguem o homem de bem, mas todo aquele que se esforça para possuir as que aqui foram citadas, está no caminho que conduz a todas as outras.

Introdução - Unknown Artist
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