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A VIDA NÃO É UM JOGO, NELA SÓ HÁ VENCEDORES

A vida não é um jogo nela só há vencedores - Unknown Artist
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COMPETIR OU COOPERAR

 

          Quando analisamos as disputas esportivas podemos reconhecer nelas reforço para desenvolver nas pessoas a capacidade de competir. De outra parte, entretanto, são registradas exortações para desenvolvermos a capacidade de cooperar.

          Aparentemente há uma situação contraditória, de um lado reconhecemos um ideal a ser seguido que é de cooperar e de outro empenhamos nosso interesse e energias para competir. Mas isso não acontece apenas nas praças esportivas.

          Competimos nas atividades profissionais e na realização de diferentes tipos de negócio. Essa atitude envolve até os relacionamentos na família e nas demais situações do convívio social.

 

O IMPORTANTE NÃO É GANHAR E O “FLAIR PLAY”

 

          Notam-se nas práticas esportivas iniciativas que buscam reduzir os comportamentos inadequados como a deslealdade e o desprezo aos adversários.

          É bastante divulgada a recomendação do Barão de Cobertain: “importante não é ganhar e sim competir”.

          O educador Pierre de Frédy, o Barão de Cobertain, foi o refundador dos Jogos Olímpicos ou Olimpíadas da era moderna que aconteceram em 1896. Os jogos da antiguidade, realizados na Grécia, começaram em torno do século VII a. c. e foram interrompidos no século IV d. c.

          O lema do Barão não encontra nenhuma correspondência nas práticas esportivas. O que percebemos é o empenho em utilizar todos os recursos, muitas vezes até ilícitos, para que haja um vencedor.

          A desvalorização do segundo colocado expressa a consideração que se dá aos vencedores. O segundo colocado é tido como primeiro perdedor.

          A afirmação do Barão de Cobertin de que o importante não é ganhar e sim competir encerra em si a própria negativa. O mais adequado seria que o importante não é ganhar e sim participar. O termo competir traz implicitamente que se busca a vitória e impor a derrota.

          Acredito que o “Fair Play”, prática promovida pela FIFA, o órgão máximo do futebol, é uma postura mais realística.

 “Fair Play” significa cumprir as regras do jogo e respeitar o adversário, o público e os dirigentes. É uma proposta mais adequada para que nas práticas  em que prevaleça o propósito de vencer haja lisura e respeito para com o adversário e demais participantes.

 

NOS NEGÓCIOS

 

          Deixemos o esporte e vejamos como isso se desenvolve no mundo dos negócios.

          Até pouco tempo a única visão que existia num processo de negociação era o interesse de vencer, quer  fosse por parte do que vendia ou daquele que comprava. Buscava-se alcançar vantagem que permitisse vencer ainda que o outro fosse perdedor.

          Aos poucos ganham importância as parcerias, uma forma diferente para orientar as negociações. Nas parcerias há empenho em alcançar condições que favoreçam todas as partes envolvidas. O comprador como o vendedor devem sair do processo satisfeitos, é a alternativa vence /vence, todos são vencedores.

          Desaparece a intenção de querer derrotar o outro, de querer ser melhor. Isso faz todo sentido porque no mundo dos negócios há sempre expectativa de continuidade através de novas negociações. Se alguém sentir-se derrotado em uma rodada, voltará na próxima com empenho redobrado para impor ao outro uma derrota para compensar o que tenha perdido anteriormente.

          A parceria nas disputas esportivas não faria nenhum sentido por prevalecer aquilo que é o fundamento da disputa a vitória. Não há como estabelecer condição para que as partes envolvidas sejam todas vitoriosas. Resta como opção adotar os fundamentos buscados pelo “Fair Play” para que os participantes dos jogos tenham comportamento e atitudes mais condizentes para uma melhor convivência.

 

A VIDA NÃO É UM JOGO - A VIDA É COOPERAÇÃO

 

          Como é possível aceitar a proposição: “a vida não é um jogo, nela só há vencedores”?

          Dentro das experiências que desenvolvemos na vida, o que estamos procurando alcançar?

          Procuramos realizar o propósito da vida que é de sermos felizes. O processo estabelecido por Deus garante que nenhum de Seus filhos deixará de alcançar esse objetivo. Portanto, por mais diferentes que sejam as experiências, mesmo repletas de dificuldades, muitas vezes classificadas como derrotas, inexoravelmente todos alcançarão condição de plena realização, que é conquistar a felicidade.

          Dessa maneira não há como entendermos que a vida é um jogo em que podemos sair perdedores. Não há essa possibilidade, seremos sempre capazes de alcançar a condição de vencedores.

          Essa vitória é alcançada pelo exercício do amor ao próximo. Não há espaço no amor ao próximo para a competição, pois esta sempre vai procurar destacar vencedores em oposição aos perdedores. Quando realizamos a prática do amor ao próximo,  se beneficia aquele que recebe o amor como também aquele que oferece o benefício. É uma situação de ganho pleno de todas as partes envolvidas. Assim se estabelecem as parcerias na convivência entre os filhos de Deus.

          Isso  leva a meditar com interesse que essa cultura em que estamos mergulhados ainda é um exercício para competir e não nos coloca de conformidade com a recomendação maior de amar ao próximo.

          As pessoas têm muita dificuldade de aceitar isso porque o nosso mundo é estruturado para competir. Há competição entre as pessoas, empresas, nações e clubes esportivos.

          Em muitos episódios nos quais deveria prevalecer apenas a beleza de uma manifestação de arte, por exemplo, pode surgir interesse de classificar seus participantes para que surjam vencedores e perdedores. Com isso, o evento que poderia reunir todos numa proposta de congraçamento resulta na proclamação de vencedores e perdedores com constrangimentos perfeitamente dispensáveis.

          Há uma longa jornada no sentido de superarmos esse entrave para a manifestação plena do amor ao próximo que é a de entendermos que cooperar, ou seja, estabelecer parcerias em todas as situações é o caminho adequado.

 

A ÚNICA COMPETIÇÃO QUE SE JUSTIFICA É AQUELA CONSIGO MESMO

 

          Mas alguém pode indagar o que aconteceria com as disputas esportivas na hipótese de prevalecer a cooperação. Não terão futuro. Isso não significa que o esporte não tenha lugar na vida, porém na forma de educação física.

          As atividades que possam contribuir para que tenhamos uma vida física mais adequada não implica em competição.

          O esporte pode ser praticado como uma proposta de autossuperação, no lugar de buscar marcas a serem comparadas com outros praticantes para que haja vencedores e perdedores. Em tudo que fizermos na vida, a comparação deve ser em relação a nós mesmos.

          A competição estimula a comparação com os outros que pode estimular o orgulho ou depreciar a autoestima ao se julgar vencedor ou perdedor. A autossuperação é um processo de aperfeiçoamento contínuo no qual a vitória é sempre possível.

 

OS RELACIONAMENTOS

 

          Nosso hábito de competir, de querer vencer, não fica restrito às praças esportivas, ambientes de trabalho e em eventos sociais; acontece também em nossos lares, onde os relacionamentos são estreitos e de grande importância.

          O relacionamento bem sucedido é aquele que reúne pessoas que alcançam satisfação por todos sentirem-se vitoriosos, reconhecidos e apreciados. Com isso podemos desconsiderar todo interesse de querer impor coisas para as pessoas com quem nos relacionamos. Melhor é abandonar o hábito de querer fazer prevalecer o seu ponto de vista mediante cobranças e reclamações. Tudo isso é a negação de um relacionamento harmonioso, capaz de produzir prazer na convivência.

 

COMEÇAR NO LAR

 

          Se há um local adequado para que comecemos a exercitar nossa habilidade de cooperar é o lar. Devemos considerar, portanto, que o relacionamento entre pais, filhos e irmãos não deve se transformar num jogo, numa disputa em que alguém queira ser vitorioso e produzir derrotados.

          Isto é muito mais sério porque dentro do lar há uma convivência que se repete dia após dia. Cria-se uma situação constrangedora na medida em que existam pessoas que se colocam numa posição superior. Pretensos vencedores que reduzem os outros à condição de subalternos que devem apenas obedecer e ouvir.

          Isso impede que haja a gratificação que os relacionamentos harmoniosos podem oferecer.

 

JESUS ENSINA COOPERAÇÃO

 

          A Lei do Amor - amar ao próximo – A Lei de Ouro - fazer aos outros o mesmo que queremos para nós - e a Lei da Semeadura - colhemos aquilo que semeamos - são ensinamentos de Jesus que estabelecem a cooperação como orientação segura para a construção de relacionamentos harmoniosos.

          A Lei da Semeadura determina que sejamos inteiramente responsáveis pelo que acontece e pelo que alcançamos na vida. Nenhuma colheita acontece que não seja proveniente de nossa semeadura.

          As nossas ações e atitudes podem ser sementes de cooperação ou de competição.  Parece ser razoável supor que gostaríamos que tivéssemos como colheita a cooperação das pessoas com quem nos relacionamos no lugar da competição. A competição pode despertar o interesse do revide que, em situações mais agudas, podemos chamar de vingança.

          Assim, fica evidenciado o que considerar em relação à Lei de Ouro. Fazer aos outros o mesmo que queremos refere-se à cooperação e não à competição.

Por último, amar ao próximo é um exercício de doação que é a expressão maior de cooperação.

 

A VIDA NÃO É UM JOGO, NELA SÓ HÁ VENCEDORES

 

           Façamos, portanto, uma revisão aprofundada do conceito de competição e cooperação firmando um entendimento que a vida não é um jogo. Ela é uma oportunidade de nos congregarmos num processo de cooperação, portanto de amor ao próximo. Assim teremos assegurado a conquista do principal na vida que é a felicidade, vitória permitida por Aquele que nos criou, Deus nosso Pai.

 

 

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