VALORES PARA A CONVIVÊNCIA - ALEGRIA
A ALEGRIA É A MANIFESTAÇÃO DA FELICIDADE
A felicidade é a plenitude de bem-estar que sentimos dentro de nós, é a complacência com o que nos acontece ou do que temos, é o gozo de um bem que possuímos.
Ainda que se trate de uma realidade da qual todos falamos, é muito difícil ultrapassar definições tão vagas como as que acabamos de sugerir. Além disso, cada pessoa tem a sua própria versão do que é ser feliz.
Seja o que for, todos estamos de acordo que ela tem um efeito externo e visível, que é a alegria. Enquanto a felicidade se sente no profundo da alma, a alegria salta à vista.
Por que somos felizes e, portanto, estamos alegres? Porque temos o que desejamos. A alegria tem uma estreita relação com nossas ambições e nossos desejos.
Se pomos muitas condições para a felicidade, ou seja, se necessitamos muito para ser felizes, será mais difícil ficarmos alegres. Isso não significa que devemos renunciar às nossas metas e aos nossos desejos, mas sim que devemos adaptá-los e parcelá-las de tal modo que possamos usufruí-Ias pouco a pouco.
GOZAR DAS PEQUENAS COISAS
Ensinar nossos filhos a desfrutar das pequenas coisas oferecidas a cada dia será, possivelmente, a forma mais efetiva de educá-la no valor da alegria.
Ainda que nos importem muito os grandes ideais, os projetos a longo prazo, estes só nos causam alegria quando realizados, se o forem. Por isso, devemos parcelar os planos ambiciosos em degraus acessíveis tanto nas possibilidades como no tempo. Dessa maneira, a felicidade e a alegria estarão sempre presentes em nossas vidas.
Dizem os filósofos que "esperar uma felicidade demasiado grande é um obstáculo para a felicidade", e a sabedoria popular o expressa assim: "A avareza rompe o saco".
Se somos avarentos da felicidade, e a queremos toda e de uma vez, seguramente ficaremos sem nada.
Talvez do pessimismo se possa tirar algo positivo, mas do otimismo pode-se tirar muitíssimo
A LIÇÃO OTIMISTA DO VELHO PROFESSOR
Para ser feliz na vida devemos olhar a realidade com lentes cor-de-rosa, dizia o professor aos seus alunos para contagiar-lhes de otimismo.
Uma aluna pediu a palavra e, dirigindo-se ao professor, lhe disse: "Professor, não seria melhor recomendarmos que olhássemos o que há de rosa nas coisas?".
O professor ficou atônito. Que lição de verdadeiro otimismo acabava de dar aquela garota! Nunca mais repetiu aquilo das lentes cor-de-rosa.
O otimismo é uma atitude ante a vida, uma maneira de querer ver a vida.
Depois de uns anos, aquele professor dizia a seus alunos: "O otimismo e o pessimismo não são simétricos". As crianças, no princípio, não compreendiam o sentido profundo da frase e o professor sorria ante o gesto de perplexidade dos alunos. Então ele explicava: "Quero dizer que se o pessimismo está naquele extremo da classe, e o otimismo neste outro, nós não estamos situados exatamente no meio, à igual distância de ambos. Por isso digo que não são simétricos. Podemos estar mais perto do pessimismo, e devemos fazer força para nos aproximar do otimismo se queremos dar sentido à vida, se queremos ser felizes. Optei por estar perto do otimismo e creio que tem funcionado bastante bem; eu recomendo a todo mundo".
Também contava sobre as lentes cor-de-rosa e dizia que é preciso ver o que há de rosa nas coisas. Não é preciso falsear a realidade, seria estúpido; as coisas são como são e devem ser vistas de frente. Mas podemos fixar os olhos nos aspectos positivos.
- E isto não é enganar-se, professor? - interpelavam seus alunos.
- Não; isto é querer ser otimista, querer ser feliz e querer fazer felizes aos demais. Os pessimistas nunca melhorarão o mundo; para tentar é preciso ser otimista. Os pessimistas dão o mundo por perdido e creem que não há nada a ser feito, enquanto os otimistas pensam que sempre é possível fazer algo para melhorá-lo.
Então lhes recordava a recomendação mais bela de Baden-Powell (general britânico): "Deixa o mundo um pouco melhor de que como o encontrou".
Não esqueçamos que nossa atitude será o método mais eficaz para educar as crianças no compromisso otimista ante a vida. Podemos inculcar o valor da alegria nos nossos filhos com exemplos, lições e argumentos parecidos com os do mencionado professor, mas as palavras nunca poderão substituir o exemplo vivo.
A felicidade se manifesta pela alegria
CONTO
A CAMISA DO HOMEM FELIZ
Em um reino muito distante vivia um rei poderoso, amado por seus súditos e respeitado pelos soberanos vizinhos. Um dia o rei ficou doente e chamou os médicos da corte para que lhe dessem um remédio para o seu mal. Todos os eminentes doutores se reuniram em consulta, mas não diagnosticaram que doença tinha o monarca.
Passaram-se dias e semanas, e o rei estava cada vez mais triste.
- Tem a enfermidade da tristeza – concluíram os médicos reais.
E começaram a desenrolar velhos pergaminhos e antigos livros da arte da medicina para encontrar o remédio para a enfermidade da tristeza. As farmácias do reino preparavam as mais raras poções e xaropes medicinais. Tudo em vão; o rei estava cada vez mais triste, mais melancólico, e sua tristeza chegava a todos os cantos do palácio.
Certo dia um médico de longas barbas brancas se ofereceu para visitar o soberano e buscar o remédio para seu terrível mal. O rei e seus médicos o chamaram. O recém-chegado o examinou, auscultou durante muito tempo, perguntou por todos os sintomas e solenemente sentenciou:
- Vossa Majestade só ficará curado se vestir a camisa de um homem feliz.
Imediatamente os emissários do rei partiram velozes por todos os caminhos do reino até os rincões mais distantes. Qualquer pessoa, que à primeira vista lhes parecesse feliz, logo os desenganava: "Sim, mas minha vista não está muito boa...”; "Sim, mas meu filho foi embora de casa e não sabemos onde ele está...”; "Sim, mas a colheita deste ano...”; "Sim, mas de vez em quando o reumatismo...”.
Até que, por fim, ouviram um cantar alegre que chegava do meio do vale. Correram até lá e falaram com o homem que cantava a plenos pulmões enquanto preparava uma comida frugal embaixo da sombra de uma ponte para resguardar-se do sol.
- Você é completamente feliz, bom homem? – perguntaram-lhe.
- Sim, completamente feliz - respondeu o aldeão.
- Então dê-nos sua camisa porque o rei precisa dela para recobrar a saúde.
O homem começou a rir, abriu sua pobre jaqueta, e os emissários do rei viram com surpresa que... ele não usava camisa.
Este conto não significa que o modo de ser feliz é não usar camisa, nem que a pobreza automaticamente fornece felicidade; mas sim que a felicidade não pode depender de uma camisa e que ela deve brotar essencialmente do interior da pessoa e não das circunstâncias mutáveis.
Além disso, se cremos que algo concreto nos dará felicidade, corremos o risco de nunca sermos felizes.
A FRUSTRAÇÃO É O CONTRÁRIO DA ALEGRIA?
Temos dito que somos felizes porque possuímos o que desejamos e que esta felicidade se manifesta na alegria.
O que ocorre então quando não obtemos o que desejamos? Ficamos frustrados e a frustração é o inimigo mais potente da alegria.
As crianças podem experimentar frustração porque não conseguem, por exemplo:
• Tirar boa nota em um exercício escolar.
• Viajar nas férias com a família de um amigo.
• Encontrar aquilo de que necessitam.
• Falar com um amigo pelo telefone todo o tempo que querem.
• Que sua equipe favorita ganhe a partida.
• Que sua mãe lhes compre um sorvete.
Como podemos comprovar, eles têm (e nós temos) pequenas frustrações diárias e uma gama intermediária de frustrações de diferentes intensidades. Em todas elas existe um elemento comum: não conseguimos realizar o nosso desejo e, por isso, nos invade a tristeza, perdemos o bom humor, ficamos nervosos e desaparece o sorriso dos nossos lábios. Somente quando o conseguimos é que recuperamos a alegria.
A frustração é somente uma tristeza momentânea
DIVERSOS ESTILOS DE ENFRENTAR FRUSTRAÇÃO
Para os educadores é muito importante conhecer as reações que as crianças podem experimentar ante uma situação de frustração, para incentivar as mais sadias e reduzir tanto quanto possível as mais prejudiciais.
Podemos distinguir três grandes estilos de reação:
CONSIDERA ALGO TERRÍVEL
Como funciona?
Aquilo que não pode conseguir se converte em uma pedra pesada e lhe parece impossível suportar. Não pode tirar da cabeça o obstáculo frustrante, que se converte em obsessão.
Como se expressa?
• É muito difícil para mim.
• Não conseguirei nunca.
• Se eu tivesse, não me aconteceria ...
• É superior às minhas possibilidades ...
• Quero, quero e quero!
Como funciona?
Às vezes tenta diminuir a importância para não sentir seu fracasso com tanta veemência.
Como se expressa?
• Tanto faz, terei outro melhor.
• Não era tão bonito como eu pensava.
• Se não me convidam, pior para eles.
TENTA SE DEFENDER
Como funciona?
Busca algum culpado para carregar a frustração que sofreu e adota uma postura agressiva contra os demais.
Como se expressa?
• Ele me fez cair.
• O professor me persegue.
• Sempre me encarregam disso.
• A culpa é sua.
Como funciona?
Às vezes culpa-se a si mesmo,
ainda que possa alegar uma
desculpa.
Como se expressa?
• Sou incapaz de conseguir.
• Não nasci para isso.
• Não estava na explicação.
• Não ouvi; eu estava falando.
• Perdi, de bobeira.
BUSCA SOLUÇÕES
Como funciona?
Procura alguém que possa prestar-lhe ajuda para superar a frustração; reclama soluções, legítimas ou ilegítimas. Ele mesmo busca solução ou decide ter paciência até que se solucione.
Como se expressa?
• Ajude-me, por favor.
• Empreste-me o caderno.
• Preciso de dinheiro, me dá?
• Compre-me outro.
• Verá como lhe devolvo.
• Não farei mais isso.
• Eu farei direitinho quando crescer.
CARA OU COROA DE CADA ESTILO
A CONSIDERA ALGO TERRÍVEL
Vantagens
• Reconhece a importância do obstáculo.
• Por reação, pode relativizar seu impacto.
Desvantagens
• Sua capacidade de reação positiva fica paralisada.
• Por reação, pode chegar a negar sua existência real.
TENTA SE DEFENDER
Vantagens
• Descarrega a agressividade que a frustração gera.
• Pode reconhecer as próprias responsabilidades.
Desvantagens
• Esta agressividade pode criar novos problemas.
• Por auto-acusação, podem surgir culpabilidades patológicas.
BUSCA SOLUÇÕES
Vantagens
• Busca um caminho para superar a frustração.
• A paciência pode trazer objetividade e serenidade.
Desvantagens
• Pode criar uma confiança excessiva na solução.
• A demora pode converter-se em refúgio da inoperância ou da preguiça.
Fazendo uma avaliação global dos três estilos, podemos concluir que:
• A considera algo terrível é o estilo mais estéril e que tende a paralisar a pessoa.
•Tenta defender-se apresenta aspectos sadios (a busca das causas, a descarga emocional), mas não tende a resolver a situação.
• Busca soluções é o mais produtivo e o mais sadio dos três, já que procura soluções positivas. Devemos incentivar que nossos filhos adotem este estilo e ajudá-los a buscar melhores soluções.
FRASES CÉLEBRES
- Se choras porque perdeu o sol, as lágrimas não te deixarão ver as estrelas. (Rabindanath Tagore, escritor indiano).
- O segredo da felicidade não está em fazer sempre o que se quer, mas em querer sempre o que se faz. (Leon Tostói, escritor russo).
- Não há ninguém que seja feliz gratuitamente. (Plauto, escritor latino).
- A alegria é o que move as agulhas do grande relógio do mundo. (Friedrich Schiller, escritor alemão).
- Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho. Mahatma Gandhi
- Saber encontrar a alegria na alegria dos outros, é o segredo da felicidade. Georges Bernanos
- A alegria evita mil males e prolonga a vida. William Shakespeare
- A alegria de fazer o bem é a única felicidade verdadeira. Leon Tolstoi
- A alegria não está nas coisas, está em nós. Johann Goethe
- Muitas pessoas perdem as pequenas alegrias enquanto aguardam a grande felicidade. Pearl S. Buck
ATIVIDADES
PAIS, OS PRIMEIROS EDUCADORES
SOMOS EDUCADORES PORQUE:
• Temos uma esperança infinita no ser humano.
• Cremos que a pessoa sempre pode melhorar.
• Cremos que a pessoa sempre é capaz de seguir adiante.
• Nunca damos a pessoa por perdida.
• Pensamos que a pessoa é de argila, mas argila maleável.
• Sabemos que não é rocha dura; se fosse assim, só nos restaria quebrá-la e fazer cacos.
• Pensamos que a pessoa é um ramalhete de possibilidades.
• Temos fé em nossos filhos.
• Estamos seguros de que, apesar de todos os pesares, o coração da pessoa permanece sempre aberto.
SE NÃO FOSSE ASSIM...
• Não perderíamos tempo com uma tarefa inútil.
• Não pretenderíamos melhorar o que não pode ser melhorado.
• Não diríamos nunca: "Fez bem! Adiante! Muito bem!".
• Seríamos fatalistas e deixaríamos as coisas tal como estão.
• Não nos doeriam os erros e os sofrimentos dos demais.
OBSERVAÇÕES
• Pais perfeitos; pobres filhos!
• Pais que poderiam fazer melhor: todos!
• Pais que erraram: normal!
• Pais que perderam a esperança: jamais!