COMO VEJA A ECOLOGIA
Leonardo Kurcis
Abordar o tema "Ecologia" é examinar questões ligadas ao Planeta Terra, nave que viaja velozmente pelo Universo. Entre os seus passageiros, o homem se destaca como criatura privilegiada, especialmente por poder amá-la e protegê-la. Para tanto, Deus oferece-lhe a inteligência e a capacidade de desenvolver a mais sublime das virtudes, a caridade.
Ser ecologista, ser defensor da natureza é o mesmo que ser Cristão. É impossível compreender e proteger a natureza sem que sejam adotados, na forma de pensar, falar e agir, os valores contidos nos Evangelhos de Jesus. Tampouco será possível o reconhecimento de um Cristão naquele que não amar profundamente a natureza.
Essa visão solicita que, no lugar da ecologia movida por interesses egoísticos, possa prevalecer a ecologia do amor, a ecologia da caridade. Não se quer, com isso, desmerecer qualquer ação ou atitude que proteja a natureza, mesmo que a motivação surja do egoísmo, uma espécie de amor primitivo que acaba por se transformar com o tempo em altruísmo.
Defender o ar que se respira é uma simples questão de bom senso, manter a pureza da água que anima a vida é um imperativo, conservar o solo que fornece o alimento surge como providência irrecusável. Esta é a ecologia movida pelo interesse da sobrevivência. Como motivação é insuficiente, nunca permitirá identificar a verdadeira abrangência da ecologia, permite o desprezo ou esquecimento de muitas criaturas encontradas na natureza.
Tome-se essa ecologia como ponto de partida, para se chegar à ecologia do amor ao próximo, à ecologia do amor pela natureza, sem exclusões e sem preconceitos. O homem já está preparado para adotar essa dimensão. As diretrizes estão todas nos Evangelhos de Jesus, incumbidos em revivê-las para melhor entendimento das leis fixadas por Deus.
A rebeldia, contestação, acusação e a violência estiveram presentes, até aqui, como marca de muitos movimentos ecológicos. A característica básica tem sido a cobrança de providências dos governos, de instituições da comunidade, especialmente das organizações econômicas, e das próprias pessoas.
A ecologia, tanto como a caridade necessitam da atitude ensinada por Jesus. Não há lugar para o ódio e qualquer sentimento negativo. Ela solicita a caridade e não acontece no turbilhão das multidões. A ecologia, animada pelos ensinamentos cristãos, cresce no interior de cada criatura, com a superação do egoísmo, da vaidade e do orgulho individual.
Sem querer desmerecer o empenho de muitos em favor da ecologia, fica o convite para que esses anseios de proteção da natureza busquem abrigo exclusivo nos Evangelhos de Jesus. Cabe incorporar, nos esforços para a renovação espiritual, adequado entendimento da ação de Deus através da natureza que o cerca e de seus irmãos.
A humanidade deve buscar na ação individual a maneira preferencial de contribuir na proteção da natureza. Ele pode e deve: desenvolver hábitos equilibrados de consumo sem se render ao consumismo desenfreado; destinar convenientemente os resíduos que produzir; incentivar sempre a busca de alternativas que permitam poupar os recursos naturais, especialmente os não renováveis; ser criterioso na escolha dos bens que usa, excluindo os que atacam a natureza por não serem biodegradáveis ou por outro motivo qualquer; eliminar qualquer ato de destruição que não esteja diretamente ligado à preservação da vida. Mesmo na busca de alimentos deve procurar formas mais evoluídas que permitam eliminar gradativamente a destruição.
Acima de tudo, o Cristão deve despertar o amor em favor de cada uma das criaturas de Deus. Ver, também, em tudo a oportunidade de homenagear Deus através de atos de louvor. Numa árvore, por exemplo, louvar a presença do Criador na majestade de seu porte, no abrigo de sua sombra, no aceno de suas folhas, no sorriso de suas flores, na dádiva de seus frutos e sementes.