DESISTA DE QUERER MUDAR AS PESSOAS
Querer mudar as pessoas de nosso convívio é certeza de dificuldades nos relacionamentos.
NÃO DÁ RESULTADO, MAS INSISTIMOS
Segundo Gandhi: “Você não pode mudar as pessoas, você precisa ser a mudança que deseja ver nos outros”.
Comumente entendemos que a maneira de mudarmos o comportamento das pessoas é mostrar coisas que deveriam ou que não deveriam realizar e fazê-las sentir culpa por estarem erradas. Não dá resultado, mas insistimos nessa atitude.
Se dissermos para alguém que beber é muito errado a pessoa fica irritada, bate a porta, sai e bebe ainda mais.
Se dissermos que algo está errado porque a pessoa não estudou o suficiente, deveríamos esperar que a pessoa fosse estudar mais por causa disso? Contrariada, fica com raiva e estuda menos.
Se dissermos que a pessoa é errada por não escutar aquilo que queremos dizer, vamos conseguir como resultado que ela deixe de escutar. Aquele que escutava pouco acabará por nada escutar.
A mudança não vem através desse processo, mas sim por um acordo que permite às pessoas caminharem juntas. Uma pode servir de exemplo para a outra quando ninguém tem interesse em apontar defeitos.
A FELICIDADE CONTINUARÁ AUSENTE
Vamos supor que fosse até possível mudar as pessoas. O problema é que continuaríamos infelizes, mesmo que tivéssemos alterado o comportamento do outro.
Digamos que buscássemos mudar hábitos de alguém, aqueles que incomodavam há muito tempo e porque tínhamos isso como algo de que a nossa felicidade estivesse dependendo. Seríamos surpreendidos pela pessoa ao assegurar que abandonou os hábitos que tanto abominávamos e que se transformou numa pessoa diferente. Vamos ficar felizes? Acredito que não porque agora ficaremos nervosos por não saber se poderemos confiar na mudança.
Então, no primeiro momento nos incomodamos com o comportamento, no segundo poderia acontecer, por hipótese, a mudança, mas continuaremos preocupados porque achamos que aquilo é bom demais para ser verdade e poderá não durar muito tempo.
A FELICIDADE NÃO VEM DO OUTRO
Sempre que a nossa felicidade depende de alguma coisa que o outro faça ou deixe de fazer, ficamos perdidos porque estamos buscando a felicidade no lugar errado, ela não vem do outro e sim de nossas próprias ações e não das pessoas envolvidas no relacionamento. Podemos, na verdade, dividir a felicidade com quem estamos nos relacionando, mas não podemos conseguir através dela. Entretanto, a felicidade pode ser aumentada se compartilhada com outra pessoa.
O RELACIONAMENTO PODE FICAR AINDA PIOR
Se quisermos uma receita perfeita para a infelicidade, vamos analisar a seguinte situação: peçamos para um grupo de 100 pessoas escolherem dois relacionamentos, um no campo profissional e outro no pessoal. Solicitemos às pessoas para listarem coisas que precisam ser mudadas para melhoria dos relacionamentos. Se fizermos isso, chegaremos à seguinte conclusão: 90 desses 100 irão escolher que a outra pessoa precisa fazer coisas diferentes para o relacionamento mudar.
A maioria das perguntas que se fazem em seminários e workshops é sobre a mudança no comportamento do outro.
É dolorosamente óbvio que a maioria das pessoas acha que para os seus relacionamentos melhorarem a outra pessoa precisa mudar, os outros são sempre os problemas.
Quando procuramos mudar o outro no relacionamento, isso não resolve como também agrava ainda mais a situação.
As partes envolvidas no conflito adotam a mesma postura: vou mudar o outro. Cada um está centrado na possibilidade de que vai conseguir mudar o outro, colocá-lo a fazer ou deixar de fazer coisas segundo as próprias expectativas.
As pessoas ficam na defensiva quando se sentem forçadas a mudar de comportamento. Por meio de uma série de justificativas e argumentos, começam a racionalizar aquilo que fazem. Permanecem convictas de que correto é o que fazem e não aquilo que os que pretendem a mudança querem.
A defesa faz com que duas pessoas vejam-se mais separadas uma da outra. Sempre que quiser mudar o outro no relacionamento, o que vai obter de resultado é um afastamento cada vez maior.
PROCUSTO
Procusto era o apelido de Damastes, da mitologia grega. Não se sabe ao certo se foi um soberano de um pequeno reino ou assaltante de viajantes. Entretanto, não há dúvida quanto ao estranho procedimento que adotava com as pessoas que eram convidadas ou forçadas a comparecer em sua pousada.
Possuía dois leitos de ferro de tamanhos diferentes que escolhia segundo a altura do “hóspede”. Porém, se nenhuma das camas tivesse o tamanho exato, Procusto promovia o ajustamento necessário. Quando o ocupante era maior do que o comprimento da cama as suas pernas eram cortadas com um machado. Roldanas e cordas esticavam os indivíduos menores do que as camas.
Esse último procedimento explica o apelido de Procusto que quer dizer “esticador”.
Procusto teve um fim trágico. Teseu obrigou que se deitasse atravessado em sua cama de ferro e as partes que sobraram foram cortadas.
AJUSTES “PROCÚSTICOS” NOS RELACIONAMENTOS
Nos relacionamentos queremos fazer ajustes “procústicos”. Como as pessoas são diferentes queremos promover ajustes segundo nossos interesses e a nossa percepção da vida, pois temos dificuldade para lidar com diferenças. Com frequência tomamos as diferenças como algo perigoso, a ser evitado.
Para que sejamos bem sucedidos nos relacionamentos precisamos nos relacionar de forma adequada, independentemente do que a outra pessoa faz, sem querer ajustá-la.
As pessoas entram num relacionamento e aos poucos vão descobrindo que suas expectativas nem sempre são preenchidas da forma que imaginavam. Expectativas que, em sua maioria “secretas”, o parceiro desconhece e tampouco deu motivos para a existência delas.
O que fazemos em seguida? Procuramos mudar o outro, forçar para que faça as coisas que queremos ou impedir as coisas chatas que incomodam.
O bom relacionamento é aquele que nasce de benefícios e interesses comuns de todos os envolvidos, é um exercício de aceitação e compreensão.
O PODER DA INFLUÊNCIA
No lugar de apontarmos erros, melhor será o oferecimento de alternativas que permitam melhorar comportamentos e as habilidades de fazer coisas, mas nunca coercitivamente ou de maneira a criar constrangimentos.
Quando oferecemos algo que o outro possa perceber ser uma contribuição que possa beneficiá-lo, acontecerá a aceitação da influência que exercemos. No lugar de querer mudar o outro, devemos cultivar virtudes que os nossos parceiros reconheçam e aceitem.
A influência será gentil e harmoniosa quando reconhecermos não ser nossa obrigação persuadir os outros. Cuidemos de apresentar nossas opiniões respeitando a visão dos outros, especialmente em situações de convívio com familiares. A força de nossas atitudes corretas é a única maneira que temos para que as pessoas queiram por sua própria vontade mudar o comportamento.
Quando adotamos a postura de que não somos obrigados a convencer ninguém de coisa nenhuma, podemos apresentar a nossa visão de mundo de forma descompromissada. Nosso compromisso é com a nossa mudança e não podemos assumir a responsabilidade pela mudança dos outros por ser impossível essa empreitada.
Com essa postura também podemos examinar, com maior equilíbrio, quais são os propósitos de vida do outro, os sonhos e as intenções. Aí sim poderemos ajustar a nossa contribuição em favor do que o outro procura alcançar. É uma proposta de caminharmos juntos em parceria.
Normalmente achamos que quando apontamos o erro estamos dando o máximo de nossa contribuição. Estamos de fato criando barreiras para que possamos até levar ao conhecimento do outro alguma coisa que estamos fazendo com sucesso ou nossos comportamentos de bons resultados no relacionamento com outras pessoas.
ADMIRAR E AMAR O PRÓXIMO
Se nós tivermos o cuidado de observar as pessoas com a postura de amar o próximo, veremos que todas são merecedoras de admiração em muitas coisas que fazem. Expressar nossa admiração é a forma para conquistarmos as pessoas como amigas e podermos exercer influência possível de ser aceita.