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VALORES PARA A CONVIVÊNCIA – DIÁLOGO

DIÁLOGO - Unknown Artist
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E O DIÁLOGO O QUE É?

 

Dito muito rapidamente, o diálogo é uma conversação entre duas ou mais pessoas, mas, se o considerarmos um valor para a convivência, devemos precisar mais esta definição. Assim, diálogo é:

• Quando trocamos ideias.

• Quando escutamos as razões do outro.

• Quando percebemos que não somos donos da verdade.

• Quando percebemos que nem todos pensam da mesma maneira.

• Quando estamos dispostos a mudar de opinião.

 

Falando a gente se entende

 

CONDIÇÕES PARA QUE HAJA DIÁLOGO

 

• Que tenhamos algo a dizer.

• Que queiramos compartilhar com outra pessoa.

• Que desejemos escutar.

• Que desejemos saber a verdade.

• Que estejamos dispostos a descobrir nossos erros.

• Que sejamos capazes de começar de novo.

• Que admitamos que nossos filhos possam ter razão.

• Que reconheçamos que nossos filhos possam ser tão inteligentes quanto nós.

• Que não confundamos autoridade com verdade.

• Que não acreditemos que reconhecer os erros é uma fraqueza.

• Que, apesar de tudo, continuemos acreditando que "falando a gente se entende".

 

AONDE NOS LEVARÁ O DIÁLOGO?

 

Certamente:

A saber mais e melhor.

A melhorar nosso senso crítico.

A compreendermos melhor a nós mesmos e ao próximo.

A sermos melhores.

 

Seguramente:

A acordos práticos.

A elaboração conjunta de normas e projetos.

A melhorar a relação dentro de um grupo.

A obter melhores resultados no trabalho comum.

A evitar muitos mal-entendidos e conflitos.

A resolver os conflitos que surgem.

 

O DIÁLOGO E OUTROS VALORES

 

Para que seja possível fomentar a capacidade de diálogo, as pessoas devem possuir um nível suficiente de confiança em si mesmas (autoestima); do contrário, lhes será muito difícil expor, justificar e defender suas ideias e pontos de vista diante dos demais.

Nenhuma destas duas atitudes torna possível o diálogo: não se valorizar suficientemente, ou não se atrever a expor o que pensa ou o fazer com agressividade.

E também, para que seja possível fomentar a capacidade de diálogo, as pessoas devem possuir um nível mínimo de confiança uns nos outros; do contrário, lhes será impossível escutar, valorizar suas ideias e pontos de vistas, e admitir a parcela de verdade que contêm.

Os que não confiam minimamente nos demais, creem que não vale a pena confiar-lhes suas ideias, ou creem que é melhor não escutar as ideias dos outros, ou creem ainda que tudo que dizem têm má intenção.

Nenhuma destas três atitudes possibilita o diálogo.

 

ALÉM DISSO...

 

Para intercambiar opiniões, e tentar chegar a possíveis acordos, é preciso:

• Respeito para com as opiniões dos outros e seu direito de emiti-Ias e atuar em liberdade. Respeito também para com a pessoa que tem autoridade dentro do grupo (seja autoridade científica ou de decisão).

• Liberdade para expor nossos pontos de vista ao grupo sem tentar impô-los, mas procurar convencer com argumentos.

• Sinceridade para expressar sentimentos de agrado ou desagrado em relação às atitudes do grupo, fazendo uma crítica construtiva para chegar às melhores conclusões.

• Valentia para manifestar nobremente o desacordo pessoal com as ideias dos demais e aceitar as consequências desta postura.

 

A persuasão é mais eficaz que a violência

 

O DIÁLOGO E A AUTORIDADE DOS PAIS

 

A decisão dos pais em temas de sua responsabilidade não se opõe ao diálogo sincero com os filhos. Na verdade, o diálogo deve esclarecer de quem é a responsabilidade última das decisões em casa (nem sempre e unicamente corresponde aos pais).

Devemos fazer com que os pequenos entendam que a autoridade dos pais em tomar decisões procura protegê-los de sua inexperiência, e não molestá-los; procura garantir sua liberdade, e não restringi-la.

Os pais, principalmente quando tomam uma decisão que contrarie os filhos, devem se esforçar para explicar suas razões da maneira mais compreensível possível.

A autoridade moral, diferentemente da autoridade legal, se impõe:

• Pelo exemplo.

• Pelo prestígio.

• Pelo interesse.

• Pela razão.

• Pela compreensão.

• Pelo amor.

 

FÁBULAS

O VENTO E O SOL (Esopo)

 

O Vento e o Sol discutiam sobre a força. Apostaram que ganharia quem conseguisse tirar a roupa de um passante. O Vento começou e soprou com grande energia. Como o homem agarrava com força a sua roupa, ele soprou com mais violência.

Então o passante, atormentado pelo frio, pôs mais roupa por cima daquela; e o Vento, desfalecido, cedeu a vez ao Sol. Primeiramente, o Sol brilhou com moderação; mas, quando o homem ficou apenas com a roupa que estava antes, deixou cair raios mais ardentes, até que o passante não aguentou mais, tirou a roupa e foi se banhar no rio que havia ali perto.

Esta fábula demonstra que frequentemente a persuasão é mais eficaz que a violência.

 

A AUTORIDADE RAZOÁVEL (Antoine de Sant-Exupéry)

 

O rei queria essencialmente que sua autoridade fosse respeitada. Não tolerava a desobediência de modo algum. Era o monarca absoluto.

Mas, como era muito bom, dava ordens razoáveis: "Se eu mandar", ele dizia, "um general converter-se em ave marinha, o general não vai me obedecer; e a culpa não será do general; será minha".

"É preciso exigir de cada um o que ele pode dar. A autoridade descansa antes de tudo sobre a razão. Se mandas teu povo jogar-se ao mar, causarás uma revolta. Eu tenho o direito de exigir obediência porque minhas ordens são razoáveis. E exigirei. Mas com minha sabedoria de governo, esperarei até que as condições sejam favoráveis."

 

OS CONTRA VALORES DO DIÁLOGO

 

Em um extremo, pode haver falta de diálogo por timidez, por inibição, por falta de interesse...; no polo oposto, pode se dar também excesso de diálogo por charlatanismo, por "falar por falar".

Não se tem diálogo se alguma das pessoas participantes adota uma atitude de:

• Insolência. Quem ofende por sua maneira de falar, que ataca as pessoas em vez de discutir as ideias, que deprecia em vez de valorizar.

• Coação. Quem se sente obrigado, contra a sua vontade, a dizer, admitir ou fazer algo; simplesmente por imposição alheia.

• Desconfiança. Quem teme, ao expressar sua opinião diante de um grupo, que façam mau uso dela, ou que a usem para prejudicá-lo.

• Hipocrisia. Quem se vê obrigado a simular a aceitação ou a recusa de uma ideia por medo de discordar do grupo e, consequentemente, poder ser desqualificado ou marginalizado.

 

Temos que adquirir as mínimas qualidades do diálogo; caso contrário, é possível que tenhamos um diálogo, mas será um "diálogo de surdos".

• Um fala e outro também, mas ao mesmo tempo!

• Um fala e o outro não escuta.

• Um fala e o outro diz a mesma coisa que ouviu (portanto, não escutou).

• Um fala e o outro está pensando somente no que vai dizer depois.

• Um fala e o outro pensa: "Ele não me fará mudar; já sei de antemão!".

• Um fala e o outro não.

• Um fala e o outro pensa: "Coitado! Como está enganado".

• Um fala e o outro pensa: "Como vou convencê-lo do contrário?".

• Um fala e outro pensa: "Acabe logo com isso".

 

NA VIDA NEM TUDO É DIÁLOGO

 

• Há momentos de aprender em silêncio.

• Há momentos de "dialogar" consigo mesmo.

• Há momentos de obedecer.

• Há momentos de protestar.

• Há momentos de discordar conscientemente.

• Há momentos de aceitar a evidência e morder a língua sem ódio.

• Há momentos de se opor frontalmente à injustiça.

• Há momentos em que a melhor defesa é a dúvida; e o silêncio, a melhor resposta.

 

 

Mas...

 

Mesmo nestes casos, a atitude deve estar aberta ao diálogo, porque sua falta sempre nos prejudicará. Justamente por isso, devemos estar sempre dispostos a discutir racionalmente as nossas ideias, e buscar a todo momento uma solução possível através de uma conduta de diálogo. Se todos cedemos, todos ganhamos.

 

Para o bem e para o mal...

 

PARA ENSINAR A DIALOGAR É PRECISO DIZER...

• Fala, fala!

• Estou lhe escutando (e... escutar).

• Em casa não há temas proibidos (e praticar isso).

• Eu creio que...

• É o meu ponto de vista, o que você acha?

• Faz tempo que fazemos assim, mas podemos mudar.

• Vamos discutir com argumentos.

• É possível que você me convença.

• Vamos pensar juntos.

• Nisto você tem razão.

• E... acreditar no que dizemos.

 

PARA ENSINAR A NÃO DIALOGAR DEVE-SE DIZER...

• Cale a boca!

• Escute-me! (e... não deixar o outro falar).

• Disto não se fala em casa (e praticá-lo),

• Isto é assim e ponto!

• Esta é a verdade e não se discute mais.

• Sempre se fez assim, não vamos mudar agora.

• Isto nem se discute; é assim e pronto.

• Sempre pensei desta forma, sempre.

• Já pensei sobre isso, certo?

• O que sabe você sobre isso?

• E... acreditar no que dizemos.

 

Para dialogar; as pessoas devem confiar urnas nas outras

 

FRASES-CÉLEBRES

 

- Quem nos impede de dizer a verdade com um sorriso? (Horácio, poeta latino).

- Somos todos tão limitados que cremos sempre ter razão. (Johann Wolfgang von Goethe, escritor alemão)

- O que quer ter razão e fala sozinho, seguramente alcançará seu objetivo. (Johann Wolfgang Goethe, escritor alemão).

- A força bruta ainda pode ser tolerada, mas a razão bruta, de modo algum. (Oscar Wilde, escritor britânico).    

 

ATIVIDADES

 

DIALOGUEMOS COM GESTOS

 

Podemos pôr à prova a imaginação dos pequenos organizando sessões de mímica. Pode ser um jogo divertido se todos os membros da família participarem.

Eles aprenderão que podemos nos comunicar eficazmente mesmo sem usar palavras.

Uma vez que esta não é a forma habitual de falar, poremos em jogo mais criatividade e maior atenção.

 

SUGESTÕES

 

Podemos variar muito estes diálogos mudos. Por exemplo, expressar um desejo ou uma ordem que o outro deve cumprir, adivinhar o nome de um filme conhecido, de um programa de televisão, de um certo conto popular, de uma música, descrever um ofício, um instrumentista, um personagem popular, um sucesso recente... Todos deverão adivinhar as mensagens silenciosas.

 

Para dialogar, as pessoas devem ter confiança em si mesmas

 

OBSERVAÇÃO

 

Nós não dialogamos só com palavras! Frequentemente observamos duas ou mais pessoas que falam e gesticulam, mas a distancia ou outro obstáculo não nos permite ouvir as suas palavras. Pode ser um exercício divertido imaginar o que estarão dizendo, os sentimentos que expressam, levando em conta só os elementos comunicativos que captamos.

 

SENTIMENTOS SEM PALAVRAS

 

Através dos gestos faciais, e também das mãos e do corpo em geral, expressamos sentimentos de satisfação, surpresa, enfado, interrogação, dúvida, perplexidade, malícia, raiva, medo, fome, sonho, desejo, despeito...

Podemos propor que a criança expresse um sentimento e os demais membros da família tentem interpretá-la corretamente.

Quem acertar primeiro, continua a brincadeira.

 

Sempre sentiremos a falta de diálogo com pesar

 

COMPLETEMOS UM QUADRINHO

 

A partir da fotocópia de uma página de história em quadrinhos em que apagamos metade dos diálogos dos balões, convidamos nossos filhos para completá-las.

Pedimos que expliquem o que escreveram, e nós faremos o mesmo.

Comprovaremos que há muitíssimas variações possíveis, e que todas são corretas, sempre que sigam certa lógica e tomem a história coerente.

 

MUITO IMPORTANTE

 

Podemos comparar esta gama de possibilidades "corretas" com a única resposta "correta" de uma operação aritmética. Assim, mostraremos a diferença entre a verdade científica, matemática, e as questões discutíveis, porque tratam de avaliações em que é muito difícil comprovar onde está a "verdade", dado que os pontos de vista pessoais exercem um papel determinante.

 

A FRASE MISTERIOSA

 

Trata-se de propor expressões relativamente simples, por exemplo: Boa tarde! Até logo! Claro! Não me conhece? Sabe quem sou eu? Agora, feche a porta. Não sabia? Concordo com você. O que acontecerá? Já terminei. Eu sabia. Muito obrigado...

Os demais devem interpretar o sentido que quer dar-lhes quem falou, segundo o tom e a modulação da voz. Veremos que podemos dar-lhes uma variedade enorme de matizes.

Uma certa prática aumentará notavelmente as possibilidades.

 

FINALIDADE:

 

Descobrir que uma pequena parte da informação nos vem por palavras, uma parte muito importante vem pela modulação da voz, e a maior parte nos chega pelos gestos.

 

SUGESTÃO

 

A fim de dar maior interesse a esta atividade, podemos prescindir do gesto ou incluí-Ia. Deve-se levar em conta que sem gesticulação os matizes ficam mais difíceis de expressar. Esta modalidade constituirá um desafio motivador.

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