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ECOLOGIA NA ÓTICA DA DOUTRINA ESPÍRITA

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O presente texto foi elaborado a partir de uma gravação da palestra, que proferi, no dia 22 de abril de 1992, por ocasião do VI SIMPÓSIO ESPÍRITA "A LUZ DIVINA", promovido pela Instituição Beneficente "A Luz Divina". Diversos  acréscimos foram feitos, julgados oportunos para ampliar o entendimento do tema abordado

 

Ecologia do amor ou ecologia do egoísmo?

 

                       Abordar o tema "Ecologia" é examinar questões ligadas ao Planeta Terra, nave que viaja velozmente pelo Universo. Entre os seus passageiros, o homem se destaca como criatura privilegiada, especialmente por poder amá-la e protegê-la.  Para tanto, Deus oferece-lhe a inteligência e a capacidade de desenvolver a mais sublime das virtudes, a caridade.

                                    Buscar-se-á, até o final dessa exposição, oferecer ao amigo leitor a seguinte perspectiva: ser ecologista, ser defensor da natureza é o mesmo que ser Cristão.  É impossível compreender e proteger a natureza sem que sejam adotados, na forma de pensar, falar e agir, os valores contidos nos Evangelhos de Jesus.  Tampouco será possível o reconhecimento de um Cristão naquele que não amar profundamente a natureza.

                                    Essa visão solicita  que, no lugar da ecologia movida por interesses egoísticos, possa prevalecer a ecologia do amor, a ecologia da caridade.  Não se quer, com isso, desmerecer qualquer ação ou atitude que proteja a natureza, mesmo que a motivação surja do egoísmo, uma espécie de amor primitivo que acaba por se transformar com o tempo em altruísmo.  

                                    Defender o ar que se respira é uma simples questão de bom senso, manter a pureza da água que anima a vida é um imperativo, conservar o solo  que fornece o alimento surge como providência irrecusável.  Esta é a ecologia movida pelo interesse da sobrevivência.  Como motivação é insuficiente,  nunca permitirá identificar a verdadeira abrangência da ecologia, permite o desprezo ou esquecimento de muitas criaturas encontradas na natureza. 

                                    Tome-se essa ecologia como ponto de partida, para  se chegar à ecologia do amor ao próximo, à ecologia do amor pela natureza, sem exclusões e sem preconceitos.  O homem já está preparado para adotar essa dimensão.  As diretrizes estão todas nos Evangelhos de Jesus e na Doutrina Espírita, incumbida em revivê-las para melhor entendimento das leis fixadas por Deus. 

 

Os passos da evolução

 

                                    Deus é fonte eterna de amor, luz e vida.  Deus é absoluto na perfeição, no poder, na justiça e na bondade. Deus é Pai, Deus é Mãe.  Ele age na eternidade transmitindo amor, luz e vida.

                          

    A perfeição e a grandiosidade de Deus podem ser reconhecidas em Sua obra.  Por mais que se busque nunca será encontrada a menor imperfeição.  Aquele que é o poder supremo, aquele que é amor sublime, quando cria, cria com perfeição.

                                    Além de Deus temos a sua criação.  Além de Deus e de sua criação nada mais será encontrado, muito menos qualquer poder concorrente que pudesse macular a criação de nosso Pai. Tudo se encerra neste conjunto extraordinário que é Deus e Sua criação, marcado pelo selo da perfeição. Nesta perspectiva deverá ser considerada a natureza, dádiva  a ser defendida e protegida e, principalmente, amada.

                                    O entendimento dessa temática poderá ser beneficiado pela consideração de como ocorre a criação e evolução dos espíritos. Segundo ensina a obra básica da Doutrina Espírita, "O Livro dos Espíritos", escrito por Allan Kardec, eles são criados por Deus, num ato de amor, simples e ignorantes.  Observem com atenção, na expressão, simples e ignorante, não há como admitir a imperfeição entre os atributos dos espíritos, especialmente por serem obra de um Criador perfeito, trazem consigo as qualidades transmitidas por Deus. Porém, precisam cumprir extensa  jornada, como sementes que buscam uma realização futura. 

                                    A semente não pode revelar, de início, uma árvore que ofereça sombra ou frutos; carrega, contudo,  em sua essência, os atributos capazes de produzir os aludidos resultados.  De maneira equivalente, os espíritos, ainda que criados simples e ignorantes, possuem em sua essência de natureza divina, a perfeição como potencialidade latente.  As potencialidades das sementes e dos espíritos, exigem para a sua manifestação, a contribuição do solo e das experiências de vida.

                                    A jornada evolutiva leva inexoravelmente todos os espíritos a alcançarem o mesmo destino: a angelitude, onde a perfeição se manifesta radiosa em sua plenitude.  Ninguém se perde no caminho, a criação de Deus conhece apenas um resultado: o triunfo.  

                                    Os espíritos ligados ao Planeta Terra não dormem mais na simplicidade e ignorância iniciais, porém resta muito para alcançarem o objetivo supremo da angelitude, quando dispensarão o uso de corpos físicos.  No momento, se encontram num limiar de rara importância, começam a perceber a importância do amor para acelerar o progresso e compreensão das leis de Deus.

 

Quais são os passos dessa extraordinária jornada?

 

                                    O espírito primeiro progride no "reino mineral", depois se exercita no "reino vegetal", atinge o "reino animal", manifesta-se no "reino hominal" para finalmente ingressar nas esferas da angelitude.  Ele transita nesses reinos usando corpos minerais, vegetais, animais e humanos.. Quando atinge a angelitude não necessita mais de vestimentas físicas, porém  continua em sua marcha evolutiva.

                                    Esse roteiro pode despertar muita surpresa aos que ouvem isso como novidade.  Os adeptos da Doutrina Espírita não estranham diante da frequência com que a questão é considerada nos estudos que realizam, em cursos e pela leitura do grande acervo de livros doutrinários.

                                    Qual o tempo necessário para levar os espíritos do reino mineral até a angelitude ? 

                                    Quanto tempo é necessário para que um cristal de rocha possa ostentar a sua luminosa beleza ?  Milhões de anos;  muito mais é exigido para que um espírito simples e ignorante possa alcançar a angelitude.  

                                    A ansiedade não se justifica no cumprimento dessa extraordinária jornada; o imediatismo perde todo e qualquer significado quando o tempo compreende a eternidade ou dela se aproxima.  Observar a manifestação serena da natureza, e agir segundo o seu ritmo, é um convite para o homem cobrir-se de paciência, perseverança e sabedoria, condições indispensáveis para o que o amor seja a tônica de sua  vida.

                                    Em razão da recente notoriedade dos elementais conhecidos como duendes, gnomos e outros é natural que surja o interesse em saber como eles se encaixam nesse quadro.  

                                    Essas criaturas, também conhecidas como espíritos da natureza encontram-se numa fase de transição, deixaram de usar corpos animais e preparam-se para ingressar na fase hominal. 

                                    Espíritos de maior evolução cuidam dos reinos mineral, vegetal e animal com a participação dos duendes, gnomos, ondinas, salamandras e de outros elementais.  Imensos grupos participam dos fenômenos da natureza como a chuva, vento, terremoto e outros. 

 

Do egoísmo ao amor pelo próximo

 

                                    Ao ingressar na fase hominal o espírito começa a exercitar a percepção de sua própria individualidade, capacidade ausente nas fases anteriores.  Essa busca, pode ser observada na criança que recapitula, em cada uma das encarnações, os esforços anteriormente despendidos.  Até cerca de três anos ela não emprega  a palavra "eu" para  referir-se a si própria.  

                                    O desenvolvimento da individualidade acontece através do exercitamento de uma força conhecida  como egoísmo  ou amor próprio.  O egoísmo é uma manifestação primitiva de amor que se modifica na caminhada evolutiva, para revelar-se em sua plenitude como  amor ao próximo, nos estágios mais avançados do espírito.  

                                    O espírito é gradativamente despertado para o reconhecimento de sua individualidade, protegido por seus instintos, aperfeiçoados anteriormente, e impulsionado por essa nova força que enriquece a sua existência, o egoísmo.

                                    Esse amor restrito representa poderosa alavanca para o progresso do espírito mas é insuficiente para que ele transcenda a si mesmo e possa  reconhecer-se como membro da grande família universal.

                                    As bases desse sentimento precisam ser ampliadas.  Dai porque, atento às necessidades de seus filhos, Deus permite, de tempos em tempos, o surgimento de mensageiros encarregados de despertar o interesse da humanidade, na transformação do egoísmo em amor e para que este se amplie.

                                    Moisés trouxe poderoso impulso ao modificar o entendimento sobre o comportamento no âmbito da família.  Naquela época os filhos livravam-se de seus pais ao se mostrarem incapazes de contribuírem pelo bem estar da família, ou para o seu próprio sustento.  Eram abandonados à beira de estradas, onde morriam doentes e sem alimentos, sem despertar qualquer tipo de compaixão aos que passavam.

                                    Honrar pai e mãe,  amá-los e prover-lhes o sustento, na velhice ou quando incapacitados, é um dos mandamentos revelados por Moisés.  Renovou e reforçou os laços da família, contudo para os estranhos, especialmente para os inimigos recomendou o "olho-por-olho, dente-por-dente".  

                                    Muitos séculos depois, Jesus, com a sua luminosa presença, confirmou a importância e o acerto dos ensinamentos de Moisés em relação à família. Foi muito mais abrangente, para benefício da humanidade,  ao ensinar que o maior mandamento da lei de Deus é : "amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo".  Próximo, ensinou Jesus, compreende toda a humanidade, inclusive aqueles tidos como inimigos.  

                                    Decorridos dois milênios, persistem grandes dificuldades para a recomendação de Jesus ser seguida por todos.  Nota-se, ainda, seguidores ferrenhos do "olho-por-olho" de Moisés.  Para uma vitória completa, da prática do amor ao próximo, a humanidade conta com a permanente assistência do plano espiritual. Além das inspirações, que vertem como fontes de luz do plano espiritual para o plano físico, chegam missionários que revitalizam a presença dos Evangelhos de Jesus, contribuindo para que as limitações e dificuldades sejam superadas. 

                                    Entre os enviados, Paulo de Tarso, convertido na estrada para Damasco, conclamou: "Fora da caridade não há salvação". 

                                    Caridade outra maneira de dizer amor ao próximo, virtude de condição superior à própria fé segundo classificação do Apóstolo Paulo.

                                    O amor, limitado na busca do reconhecimento da individualidade, universalizou-se.  Foi estendido para a família, para toda a humanidade.  Tornou-se tão amplo que é suficiente para envolver aqueles equivocadamente rotulados de adversários, inimigos ou criaturas de convivência impossível. Ninguém deve ser excluído.

                                    O amor ao próximo estende-se também para os espíritos que estagiam nos reinos mineral, vegetal e animal.  Por consequência, a natureza é merecedora da caridade ao fornecer os corpos físicos indispensáveis a essas criaturas. 

                                    A partir desse ponto são reconhecidos os motivos do convite para transformar a ecologia de interesses egoísticos em ecologia iluminada pela caridade.

                                    A ecologia deixa de ficar limitada ao interesse do homem em defender a água que alivia a sede, o ar que vitaliza a corrente sanguínea, o solo requerido para o cultivo de alimentos.  A ecologia impulsionada pela caridade busca a harmonização total com a criação de Deus.

                                    Todos os espíritos, sejam anjos, aprendizes, portadores de grau evolutivo igual ou superior ao de Jesus, são portadores de atributos idênticos, conferidos por Deus por ocasião em que foram criados.  Todos começam simples e ignorantes e passam pelo mesmo roteiro evolutivo que os fazem transitar pelos reinos mineral, vegetal, animal, inclusive os incrédulos que se detém hoje no egoísmo utilitarista. Todos foram merecedores de amor e consideração quando engatinhavam nessas esferas, não haverão de negar a mesma consideração aos que agora evoluem na retaguarda.  

                                    Essa perspectiva será suficiente para que todos fiquem sensibilizados e modifiquem suas atitudes e expectativas em relação à natureza e a humanidade?  

                                    Num parque, ainda que muitos possam achar curioso ou até engraçado, é possível exercitar mudanças de atitudes.  Ao se olhar para uma árvore há que se considerar que ali existe um espírito em tarefa evolutiva.  

                                    Com essa perspectiva será natural entender como uma ofensa qualquer ato de hostilidade ou de destruição em relação a uma árvore ou outra criatura qualquer.  Arrancar suas folhas, galhos ou flores para serem atirados logo adiante não é algo que possa identificar um ecologista e muito menos  honrar quem quer que seja.  Colher frutos verdes logo será reconhecido como um ato de violência, além de representar prejuízo para os consumidores..

                                    O animal selvagem ou doméstico também abriga um espírito em evolução e requer a proteção de seus irmãos mais evoluídos..  O mesmo acontece com uma pedra ainda que seja maior a dificuldade para se compreender isso.  

 

A Canção da Natureza

 

                                    O médium João Nunes Maia psicografou o livro "Canção da Natureza", transmitido pelo espírito Kaena.  Trata-se de um verdadeiro poema que convida todos para profundas meditações sobre as belezas da Mãe Natureza.  Com a sua leitura muitas questões incompreensíveis surgirão iluminadas por um novo entendimento.  Seguem dois exemplos extraídos das mensagens de Kaena.

                                    Para que servem os insetos?  Serão inutilidades que apenas aborrecem, especialmente quando aplicam suas picadas ou ferroadas?

                                    Certamente o homem reconhece extrema utilidade para insetos como as abelhas que  fornecem mel e participam no processo de polinização das flores, de fundamental importância na agricultura. Entretanto, muitos são combatidos sistematicamente com inseticidas e outros meios de destruição.

                                    Mediante emissões mentais negativas o homem produz um tipo de poluição reconhecido por poucos. Os seus pensamentos de ódio, ressentimento, medo, desejos frustrados e outros acumulam energias negativas de efeito destrutivo para o equilíbrio psíquico.  Afetam, inclusive a sua integridade física.  

                                    Uma espécie de neblina escura e pegajosa, percebida apenas no plano espiritual, acumula-se nos lares, nos escritórios, escolas, hospitais, muitas vezes cobrem cidades inteiras.   Atua como uma verdadeira barreira à penetração das energias benéficas que chegam das esferas espirituais elevadas e do espaço sideral.  Haveria sérias consequências se não houvesse como eliminá-la, ou  pelo menos atenuar esse tipo de poluição que ainda não mobiliza os defensores do meio ambiente.

                                    Os insetos conseguem transformar essas energias negativas, atuam como verdadeiros filtros de reprocessamento.  O combate e a eliminação sistemática dos insetos podem resultar em um verdadeiro desastre para a estabilidade psíquica e física de todas as criaturas que povoam a Terra.   

                                    Com a evolução espiritual do homem, particularmente no aspecto moral, esse tipo de poluição deixará de existir e os insetos destinados à eliminação dessas energias desaparecerão.  Até lá o homem deverá encontrar novas formas de convivência com essas criaturas, impedindo-as de atuarem como transmissoras de doenças sem chegar ao extremo de sua destruição.  

                                    Quando surgem os raios cortando os céus muitos ficam apreensivos e com medo, acreditam que não representam nenhuma utilidade.  Ao contrário, acreditam que servem para destruir as instalações elétricas, os aparelhos de televisão e a própria vida.

                                    Além de sua beleza, como espetáculo da natureza, os raios também possuem capacidade higienizadora.  Com suas descargas de alto poder purificador aniquilam consideráveis quantidades de energias negativas que se acumulam no plano espiritual, produzidas pelas mentes desequilibradas..  

                                    Ao final de uma tempestade magnética, afora os benefícios de natureza espiritual, nota-se que o ambiente modifica-se, há como que um perfume no ar, até a respiração fica mais leve, facilitada.  O ozônio que os raios produzem são responsáveis por esse efeito no plano físico.

                                    Longe de oferecer uma abordagem profunda, os exemplos servem apenas para introduzir os interessados em ecologia em uma perspectiva de extraordinária importância.  A ecologia ganha contornos magnificentes quando a questão espiritual é também considerada.  Todos podem encontrar no livro de Kaena e em outros da Doutrina Espírita verdadeiros mananciais de luz que permitem reconhecer a ecologia como uma categoria de amor supremo, uma verdadeira manifestação de caridade pura.   

Novas atitudes e velhos equívocos

 

                                    Como exemplo de mudança de atitude para com criaturas da natureza vale registrar o caso das minhocas.  No passado foram consideradas como praga por perfurarem o solo, permitindo o aprofundamento das águas da chuva.  O solo, segundo era entendido,  ficaria ressecado, menos propício ao cultivo.

                                    Hoje a minhoca é empregada em larga escala para revitalizar solos cansados ou poluídos com despejo de lixo inorgânico não reciclável.  Elas são verdadeiras reprocessadoras do solo.  Os resíduos de sua digestão fertilizam poderosamente o solo, sem contar o poder de aeração que as suas perfurações produzem.

                                    Um exemplo do benefício das minhocas pode ser apreciado na implantação do Parque Vila Lobos, na marginal do rio Pinheiros, nas proximidades da Cidade Universitária.  O terreno empregado durante muito tempo como receptor de lixo apresenta insuficiente quantidade de nutrientes.  Graças as nossas amigas minhocas logo teremos mais uma área verde enfeitando a cidade.

                                    As minhocas agora são até exportadas.  Quem sabe logo surja a "Minhocobras", para satisfação e orgulho da nação.

                                    As saúvas combatidas com fervor patriótico, manifestado na conclamação, "ou o Brasil acaba com as saúvas ou as saúvas acabam com o Brasil", logo poderão ser alçadas à condição de beneméritas como aconteceu com as minhocas.  Começam a ser reconhecidas como importantes agentes na reciclagem dos solos.

                                    As técnicas agrícolas tradicionais procuram eliminar qualquer tipo de concorrência que possa se instalar em torno de uma planta eleita para produção econômica.  Concorrência, segundo julgamento duvidoso, provinda de outras plantas, genericamente depreciadas como "mato" "erva-daninha" ou "capim", de insetos, fungos e de outras manifestações da criação.  A planta objeto de cultivo deve prevalecer soberana e solitária.  As "pragas" são combatidas, de preferência eliminadas. 

                                    Uma análise mais cuidadosa pode revelar valores insuspeitados que deveriam ser atribuídos às "pragas".  Elas são uma espécie de controle de qualidade da natureza que elimina as espécies desvitalizadas.  Grande parte dessa desvitalização provém da adubação química largamente empregada e de outras práticas indesejáveis.

                                    A aparente vitória com a eliminação das "pragas" leva ao desmonte do controle de qualidade da natureza.  Dessa forma um alimento desvitalizado e doente acaba  consumido pelo homem, com consequências danosas à saúde.

                                    Surgem novas propostas agronômicas onde se admite, por exemplo, o crescimento de tomateiros entre as denominadas "ervas daninhas".  Para surpresa, o resultado é animador por produzir frutos de excelente qualidade, sem contar o elevado nível de produtividade e o menor custo.

                                    Onde apreciações descuidadas ou precipitadas identificam concorrência, há, na verdade, cooperação e harmonia.  A criação de Deus tem como elemento unificador a fraternidade, encontrada no amor dos anjos e na atração dos mais simples seres e componentes físicos.  Cabe ao homem descobrir as afinidades para estabelecer práticas que possam potencializar a atração maior que une todos os seres da criação de nosso Pai.

                                    No lugar de combater as manifestações da natureza o homem encontra cada vez mais motivos para estabelecer vínculos de cooperação.  Quando reconhecer a perfeição espalhando-se  por toda a criação não terá mais nenhuma dúvida a esse respeito.

                                    Entre os muitos equívocos existem os procedimentos que eliminam a vitalidade dos alimentos.  

                                    Além das propriedades orgânicas é possível encontrar outras que podem ser classificadas como espirituais por ainda não serem percebidas pelos instrumentos de análise da ciência oficial.  Os radiestesistas, com os seus pêndulos,  conseguem identificar energias contida nos alimentos, aqui especificadas como vitalidade.

                                    Sem o propósito de criar preocupações, cumpre ressaltar que importantes alimentos, presentes no dia-a-dia, são destituídos de vitalidade, entre eles o leite pasteurizado e a água manipulada nas estações de tratamento.

                                    Com a pasteurização, o leite é aquecido até atingir altas temperaturas para em seguida ser bruscamente resfriado. O procedimento elimina microrganismos que transmitem doenças, como a brucelose, porém aniquila toda a vitalidade do leite.

                                    Certamente ninguém deve consumir o leite, produzido atualmente, sem que seja submetido ao tratamento pela pasteurização.  As precárias instalações de processamento aliadas a insatisfatórias condições de saúde do rebanho desaconselham esse procedimento.  

                                    Contudo, ao se dar crédito à existência do fator vitalidade ter-se-á concretizado o primeiro passo para o surgimento de cuidados que permitam fornecer o leite, livre de agentes transmissores de doenças, sem submetê-lo à destruição de suas propriedades energéticas. 

                                    Amigos do plano espiritual afirmam que um dia os estábulos serão transformados em verdadeiros altares de vida.

                                    Algo semelhante acontece com a água fornecida pelos serviços públicos.  São utilizados mananciais altamente poluídos que exigem a aplicação de desvitalizantes na forma de produtos químicos como o cloro e outros.  

                                    Novamente não se convida aqui abandonar o procedimento, porém é possível conferir maior importância a esse elemento que é sinônimo de vida, já que o organismo das pessoas é constituído em sua maior parte pela água.

                                    Enquanto perdurar essa deficiência na captação e distribuição desse líquido vital, no lugar de usar o dinheiro para adquirir bebidas e refrigerantes melhor seria adquirir água mineral, ao menos para beber.  Muitos desprezam a oportunidade de consumir água de elevada qualidade mesmo quando fontes cristalinas estão disponíveis sem qualquer pagamento. 

                                    Quando apenas a água desvitalizada estiver ao seu alcance procure filtrá-la.  Coloque-a em um copo e antes de bebê-la mentalize a luz solar devolvendo-lhe a sua capacidade energética. 

 

Essência das criaturas de Deus

 

                                    Com a evolução intelectual e moral do homem abrem-se novos horizontes de entendimento.  Muitas coisas julgadas incompreensíveis ou inaceitáveis ganham novas dimensões diante dos ensinamentos vertidos permanentemente pelo plano espiritual elevado.  Uma verdadeira torrente de luz orienta o caminhar da humanidade, tudo convida a reconhecermos apenas a perfeição na obra de Deus.

                                    O homem destituído de bases espirituais consegue ver defeitos e injustiças na obra atribuída a Deus.  Nessa condição acredita que a sua grande missão é a de reformar, consertar, ou mesmo destruir aquilo que julga errado.  A sua arma é a revolta, a indignação, a prepotência e outros sentimentos negativos.  No alto de seu orgulho, julga-se um verdadeiro cruzado, um paladino,  incumbido de erradicar o mal, para que a criação de Deus não se perca.

                                    Aos poucos observa, admirado, que a criação de Deus reflete unicamente a sua perfeição.  A divina essência encontrada na criação é permanentemente revitalizada pela luz, pelo amor de Deus.  Tudo permanece ligado ao Criador.

                                    Essa grandiosidade encontrada na natureza também é atributo dos espíritos que alcançaram o estágio hominal.  O homem nunca foi e nunca será portador de uma essência maléfica, a sua essência é divina e assim permanecerá pela eternidade.  O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus.

                                    Os equívocos praticados pelos espíritos não têm como fonte uma inspiração maléfica e muito menos a compulsão de algum tipo de poder diabólico.  Os espíritos foram criados simples e ignorantes.  A ignorância, aqui entendida como falta de conhecimento e de experiência, responde pelos equívocos localizados na caminhada evolutiva dos filhos de Deus.  

                                    O fim do terrorismo imposto pela ideia da existência do inferno, e de suas inaceitáveis penas eternas, antes de enfraquecer, fortalece a fé e a esperança da humanidade.  A ausência do inferno é coerente com o poder supremo de Deus e com o seu infinito amor.   Os espíritos criados simples e ignorantes nunca terão negada a possibilidade de alcançarem a condição de anjos.

                                    De maneira irreverente, é possível dizer que o inferno fechou por evidente desatualização tecnológica.  Não se pode conceber espíritos sendo assados em enxofre quando existe a energia atômica, o raio "laser" e outros recursos capazes de alimentar máquinas mais "diabólicas" para infligir sofrimentos aos infelizes "pecadores". 

                                    A questão do inferno deixou de preocupar diante dos ensinamentos hoje disponíveis, especialmente no âmbito da Doutrina Espírita.  Simplesmente não existe inferno e tampouco diabos.  Porém muitos acreditam na existência de espíritos com o compromisso de praticar o mal e que precisam ser combatidos, da mesma forma como as "pragas" precisam ser combatidas.

                                    A visão distorcida que leva muitos a identificarem sérios defeitos na criação de Deus limita a consciência ecológica.  Pior ainda, quando faz acreditar que existem espíritos desqualificados capazes de seguirem inspirações diabólicas, que precisam ser sistematicamente combatidos, com o emprego preferencial da violência, do ódio e da destruição.  Assim, além da incapacidade de respeitar a natureza desconhecem a importância de atribuir amor ao próximo.

                                    Não existem espíritos de segunda categoria na criação de Deus.  Tudo e todos são portadores da perfectibilidade, qual seja tudo e todos alcançarão a perfeição. 

                                    Nunca é demais insistir que os erros e equívocos dos seres humanos decorrem de seu processo de aprendizado e não de algum tipo de maldade que brote de sua  essência.  Cada criatura deve ser identificada como "divina" pois esta é sua verdadeira essência.  Fica muito fácil amar um próximo que detém a "divindade" como natureza, mesmo que em certo período de sua evolução cometa equívocos.

 

A essência e a ação dos espíritos

 

                                    Ainda que a Doutrina Espírita não utilize o termo "pecado", ele será empregado aqui para ilustrar e reforçar o argumento a seguir apresentado.

                                    Há que se reprovar o "pecado", porém nada justifica o julgamento e a condenação do "pecador".  Condenar o pecador equivale a reconhecer nele a existência de uma essência maléfica, enquanto desaprovar-lhe o ato, sem condená-lo, é um convite para que melhore suas atitudes sem negar-lhe a condição divina de sua essência.  

                                    Em Jesus e nas mães, que verdadeiramente amam os seus filhos, é possível encontrar o exemplos a serem seguidos. 

                                    Jesus convidado a julgar e condenar a mulher adúltera recomendou:  "vá e não peques mais".  A mãe diante de um filho criminoso, de maneira idêntica, irá reprovar o ato praticado, sem contudo deixar de continuar amando o seu filho.

                                    Em muitas oportunidades, atores que representam papéis de criaturas maldosas, no teatro ou em novelas de televisão, enfrentam sérias dificuldades ao frequentarem lugares públicos.  As pessoas reagem com ofensas e chegam a agredi-los pelos sentimentos negativos que os seus personagens conseguem despertar. Essa situação absurda ocorre com muito mais frequência do que se possa imaginar.  

                                    O julgamento e a condenação daqueles que se equivocam em suas experiências evolutivas produz uma situação semelhante ao dos atores com seus personagens.  

                                    Os espíritos no seu esforço de aprender para evoluir cometem inúmeros erros que podem ser classificados como "representações" da maldade, mas nunca como expressão de sua verdadeira essência.  Trata-se de uma desarmonia diante das leis divinas que será eliminada tão logo o entendimento seja alcançado.  

                                    O espírito deixa de "representar" quando pratica a caridade pois, nesse caso, estará projetando a sua verdadeira essência. 

                                    Outra forma de ver essa questão é considerar os espíritos, ligados ao Planeta Terra, como crianças ou como adolescentes em sua escala evolutiva.  Estão longe de possuir o conhecimento necessário das leis divinas. Mesmo errando, precisam de compreensão e amor daqueles que estão um pouco mais adiantados, da mesma forma como acontece com as crianças, que, independentemente de suas traquinagens, são amadas.

                                    O convite de amar o próximo é um convite para se amar o divino que existe dentro de cada ser humano.  Ame-se, incondicionalmente, a criatura e não o erro que tiver praticado, convém saber distinguir o "pecado" do "pecador".  O "pecado" é transitório, acaba com a evolução do espírito, os filhos de Deus são eternos e criados para o exercício do amor e da perfeição. 

                                    A humildade é uma virtude que convida todos a notarem a grandeza existente nas criaturas e não para que se reconheçam iguais na fraqueza, na maldade ou em qualquer tipo de imperfeição. A humildade é um convite ao reconhecimento da igualdade, oriunda da perfeição conferida por Deus no momento da criação de seus filhos, sem qualquer exceção.

                                    As criaturas de Deus, quer sejam anjos, homens, ou ainda pertencentes aos estágios dos reinos mineral, vegetal e animal, são todas privilegiadas.  Foram criadas simples e ignorantes, destituídas de maldade e destinadas a compreender e viver segundo a maior de todas as leis que é a caridade.  

                                    Em momento algum houve um descuido do Pai, como algumas vezes acontece nas fábricas de carros que produzem lotes de qualidade inferior, em especial, logo após o retorno de férias coletivas ou mesmo após os fins de semana.  Na criação de Deus nunca será encontrado defeito, antes de qualquer administrador, Ele introduziu o "zero defeito" como conceito de qualidade.

 

Ecologia do terror

 

                                    O terror ainda é largamente empregado como forma de motivar a mudança de hábitos e comportamentos das pessoas.  Felizmente estão ocorrendo importantes mudanças nos processos educacionais nas escolas e nas famílias.  As palmatórias desapareceram e o castigo físico e moral das crianças provoca repulsa na maioria.  Entretanto, no âmbito das religiões e da vida em sociedade ainda é possível encontrar o terror sendo exercitado como recurso pedagógico ou de domínio.

                                    A ameaça de cumprimento de penas eternas e dolorosas no inferno ecoa em muitos templos religiosos.  As criaturas são estimuladas a buscarem a sua renovação pelo terror, muitos pregadores e doutrinadores mostram-se incapazes, ou desinteressados, em transmitir os extraordinárias benefícios possibilitados pela prática da caridade.  Mesmo entre os Espíritas, constantemente, é esquecida característica fundamental da Doutrina que seguem: consolar e oferecer esperanças às criaturas.  É verdade que não mais evocam as dores do inferno, introduzem outras fundamentadas em encarnações dolorosas e longas, obsessões ferozes e estágios em zonas inferiores ou trevosas. 

                                    A humanidade vive atualmente uma paz que repousa sobre uma base mortífera constituída pelas armas nucleares.  Formam arsenais suficientes para destruir o planeta inúmeras vezes, sem que haja vencedores, todos seriam derrotados.   Diante dessa possibilidade, as nações detentoras desses arsenais receiam puxar o gatilho de suas armas, porém teimam em mantê-las apontadas e produzem a paz filha da paralisação pelo terror.  

                                    A verdadeira paz nascerá do amor ao próximo e não dessa calamitosa empreitada.  Somente a caridade poderá sustentar a paz e a harmonia entre todos os povos da Terra de maneira duradoura.

                                    O terror manifesta-se também entre os movimentos em favor da natureza, pelo anúncio de grandes catástrofes.  Ameaçam muitos: olhem o buraco na camada de ozônio; olhem o efeito estufa; olhem o crescimento dos desertos; olhem a morte dos rios e oceanos; olhem os solos erodidos e contaminados; dessa forma a vida na Terra será impossível.

                                    O esclarecimento sobre as consequências dos erros praticados sempre será desejável, porém a motivação, para a elevação das criaturas, deve ser encontrada na esperança, na alegria, na harmonia e na beleza que emanam do amor ao próximo, da caridade.  O Sermão da Montanha evidencia o empenho de Jesus em favor da doçura no convite à renovação espiritual fundamentada nos Evangelhos.  O homem já está maduro para progredir impulsionado pela lei do amor.

                                    Os ensinamentos de Jesus indicam a necessidade de se amar ao próximo como condição para se conseguir amar a Deus.  Enquanto houver qualquer tipo de desarmonia, com qualquer uma das criaturas de Deus, não se alcançará o nível vibratório que permita liberar o sentimento de amor, na intensidade requerida na comunhão com o Criador.   

                                    O caminho para Deus passa pela caridade que é devida ao próximo e à natureza.  Enquanto houver sentimentos negativos, repugnância, preconceito e medo, em relação a qualquer manifestação da natureza, o homem não encontrará a comunhão ampla com o seu Criador.  Enquanto não amar o próximo o homem deixará de notar a presença de Deus que se mantém sempre ao seu lado.      

                                    Doravante, uma única certeza deverá guiar os passos da humanidade, a salvação, como esclareceu Paulo de Tarso, somente é alcançada pela prática da caridade.  O medo, o terror os sentimentos de culpa já cumpriram o seu papel na lapidação espiritual dos homens.  O respeito às leis de Deus é agora um imperativo que surge do amor e da harmonia.

 

Ecologia da ação individual

 

                                    A rebeldia, contestação, acusação e a violência estiveram presentes, até aqui, como marca de muitos movimentos ecológicos.  A característica básica tem sido a cobrança de providências dos governos, de instituições da comunidade, especialmente das organizações econômicas, e das próprias pessoas.  

                                    A ecologia, tanto como a caridade necessitam da luta ensinada por Jesus.  Nela não há lugar para as espadas e tampouco para o ódio e qualquer sentimento negativo.  Ela solicita a caridade e não acontece no turbilhão das multidões.  A ecologia, animada pelos ensinamentos cristãos, cresce no interior de cada criatura, graças ao sacrifício do egoísmo, da vaidade e do orgulho individual.

                                    Sem querer desmerecer o empenho de muitos em favor da ecologia, fica o convite para que esses anseios de proteção da natureza  busquem abrigo exclusivo nos Evangelhos de Jesus.  Particularmente, ao Espírita cabe incorporar, nos esforços para a sua  renovação espiritual, adequado entendimento da ação de Deus através da natureza que o cerca e de seus irmãos.

                                    O Espírita deve buscar na ação individual a maneira preferencial de contribuir na proteção da natureza.  Ele pode e deve:  desenvolver hábitos equilibrados de consumo sem se render ao consumismo desenfreado;  destinar convenientemente os resíduos que produzir;  incentivar sempre a busca  de alternativas que permitam poupar os recursos naturais, especialmente os não renováveis; ser criterioso na escolha dos bens que usa, excluindo os que atacam a natureza por não serem biodegradáveis ou por outro motivo qualquer;  eliminar qualquer ato de destruição que não esteja diretamente ligado à preservação da vida.  Mesmo na busca de alimentos deve procurar formas mais evoluídas que permitam eliminar gradativamente a destruição.   

                                    Acima de tudo, o Espírita deve despertar o amor em favor de cada uma das criaturas de Deus.  Ver, também, em tudo a oportunidade de homenagear  Deus através de atos de louvor.  Numa árvore, por exemplo,  louvar a presença do Criador na majestade de seu porte, no abrigo de sua sombra, no aceno de suas folhas, no sorriso de suas flores, na dádiva de seus frutos e sementes.  

                                    Por último, cabe lembrar que a Terra é um organismo vivo conforme formulado na Teoria Gaia.  Cada parte que restar desprotegida prejudica o todo e cada parte  beneficiada favorece o todo. O todo compreende a humanidade e a nave Terra que leva todos para os braços de Deus.

 

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