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SÓ SE GANHA UMA DISCUSSÃO EVITANDO-A

Só ganha uma discussão evitando-a - Unknown Artist
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SER DO CONTRA

 

          A discussão é algo bastante familiar. Nasce de um hábito encontrado com muita frequência, que é o de botar reparo naquilo que o outro fala, pensa ou deseja. É uma tendência em sermos do contra, estarmos sempre do outro lado.

           Quantas vezes tivemos oportunidade de assistir discussões em programas de debates na televisão, em reuniões na empresa em que trabalhamos, em nossa família, num grupo de amigos, numa roda de pessoas que estão apenas “jogando conversa fora”. A discussão pode resultar numa espécie de torneio onde queremos fazer prevalecer o nosso ponto de vista.

          É comum verificar mudança nas posições dos oponentes? Raramente isso acontece, as pessoas continuam mantendo as  posições originais e ainda pode resultar em consequências negativas capazes de gerar o afastamento, irritação e constrangimentos nos relacionamentos.

 

VOCÊ ESTÁ ERRADO

 

          Quando entramos em contato com as ideias, propostas e demandas dos outros, precisamos observar o que acontece quando nós dizemos: o que você pensa está errado! Isto que você fala está errado!  Isto que você faz  ou quer está errado.

          Toda vez que apontamos para o outro e dizemos “você está errado”, provocamos afastamentos, criamos dificuldades para que tenhamos algum tipo de sucesso nos reparos que apresentemos.

          Melhor do que dizer ao outro que ele está errado é apresentar nosso ponto de vista sem agredi-lo com esse tipo de afirmação.

          O que era uma discussão em torno de uma ideia, de uma proposta, vira uma confrontação entre o ego das pessoas.  

 

CONSIDERAR O QUE ESTÁ SOBRE  OU AO REDOR DA MESA? 

 

          Vamos supor uma reunião em que as pessoas sentadas em volta de uma mesa, num primeiro momento, consideram o que foi colocado sobre ela, relatórios, propostas, problemas, oportunidades. Ao surgirem  divergências não demora muito para esquecer o que foi colocado sobre a mesa e a discussão volta-se para aqueles que estão sentados em torno dela. Começam os ataques pessoais. Uma forma predileta de atacar é dizer: você está errado!

          Vamos que numa discussão ferrenha arrasemos os argumentos do outro, pode ser até que os demais presentes possam reconhecer que vencemos a discussão. Mas o que acontece em relação àquele outro que sente-se derrotado, depreciado diante das pessoas que estão ali? Caso haja interesse em prosseguir o relacionamento com essa pessoa surgirão dificuldades capazes de impedir esse propósito. Esse tipo de vitória não irá obter boa vontade do oponente, caso sinta a derrota. 

          Quando alguém é “convencido” ou forçado a fazer algo contra a sua vontade, isso não muda sua opinião. No lugar de um amigo, de um parceiro surgirá um adversário que se tiver oportunidade irá dar “o troco”. 

 

AS MESAS REDONDAS

 

          Eventos bastante familiares resultam em situações até muitas vezes curiosas, as mesas redondas onde os convidados discutem, por exemplo, questões de futebol, política, economia, religião, etc.. Debatedores com posições diferentes defendem ardorosamente suas opiniões. Alguém consegue mudar a opinião do outro? Raramente isso acontece.

          Quando é atacado em seu ponto de vista justifica-se ou contra-ataca. Logo chegam às acusações: você está errado, não sabe o que está dizendo, é um incompetente. No lugar de haver continuidade na abordagem do tema ou da ideia, da proposta que está em andamento, simplesmente é verificada a falência de todo esse processo. É certo que não é adequado generalizar esse comportamento, pois em muitas ocasiões os debatedores apresentam seus pontos de vista de maneira respeitosa. Ainda que não haja concordância com as posições contrárias, há cuidado em permitir que cada um manifeste suas posições. Melhor seria, caso encontram-se pontos de convergência e, juntos  buscassem construir alternativas superiores. 

 

QUESTÕES RELEVANTES E SIMPLES TORNEIOS VERBAIS

 

          Podemos identificar dois tipos de divergências ou de situações. Uma é a que vai implicar numa escolha ou decisão que poderá levar a fazer ou deixar fazer alguma coisa.

          Outra não vai levar a nada, é apenas um torneio verbal, não há absolutamente nenhuma ação a ser realizada ou decisão.

          Quando começa haver uma divergência numa discussão, é o caso de se perguntar aonde isso vai levar. Vai melhorar alguma coisa ou é simplesmente um debate que se esgota em si mesmo uma vez terminado o encontro? Se nada irá restar por fazer quando as pessoas estão apenas “jogando conversa fora” e esquecem a necessidade de manter boa convivência, os relacionamentos são afetados por ressentimentos e mágoas.

          Outras situações podem ter repercussões mais amplas como normalmente ocorrem em negociações sobre importantes assuntos que envolvem organizações ou pessoas.  Nas negociações a confrontação pode ser substituída por procedimentos vantajosos para todos os envolvidos.

          Uma boa negociação é aquela em que as partes envolvidas sejam beneficiadas e que não haja derrotados, apenas vencedores. O empenho deve ser de criar alternativas superiores àquelas inicialmente apresentadas através de uma terceira posição.

 

COMO IMPEDIR QUE UMA DIVERGÊNCIA SE TRANSFORME EM DISCUSSÃO

 

          Examinemos agora como podemos impedir que uma divergência se transforme numa discussão, num desarranjo que pode levar a consequências inadequadas.

 

NÃO ADOTE UMA POSIÇÃO REATIVA

 

      Uma das recomendações é: não adote uma posição reativa. A primeira impressão pode estar equivocada, controle os impulsos.

          Não haverá bons resultados se de maneira impulsiva partimos para a defesa. Para isso é necessário saber ouvir.

         Aquele que sabe ouvir deixa o outro falar e terminar o que tem a dizer. Para isso, precisamos evitar resistir. Não se defenda, essa atitude levanta barreiras. Se formos levados pela primeira impressão, pelo impulso, acabamos interrompendo a pessoa  não deixando que fale. Sem que tenhamos uma ideia clara da posição do outro, começamos a nos defender resistindo por nos sentirmos afetados negativamente. Isso já é um passo muito grande para que comecemos também a fazer coisas inadequadas.

Será que existem vantagens em saber ouvir?

     Quando conhecida em detalhes a posição do outro há possibilidade de aprimoramento dos argumentos a serem apresentados.  

          Conhecer a posição do outro é importante porque evita abordagens que criam constrangimentos. O cuidado de permitir que o outro conclua o pensamento torna desnecessário muitas vezes contradizermos com nossos argumentos.

Há outra coisa importante: quando ouvimos com cuidado podemos acabar concluindo que a nossa posição está errada. Quer algo mais desgastante do que querer fazer vencer uma posição equivocada de nossa parte?

 

 

PROCURE ÁREAS DE CONCORDÂNCIA

 

          Outro procedimento que podemos adotar para evitar que uma divergência vire uma discussão é procurar áreas de concordância. Entre as posições que são colocadas podemos identificar aspectos em que haja concordância. Reforçar esses aspectos é a maneira de construir pontes para superar as dificuldades no lugar de levantar muros que separam.

 

PEDIR DESCULPAS PELOS ERROS

 

          Uma coisa que muda muito as atitudes das pessoas é quando identificamos um erro e pedimos desculpas.  No lugar de ficar contestando, dando voltas, diga simplesmente: de fato cometi esse erro, estou errado. Isso irá desarmar o outro e reduzir as suas defesas.

          Num relacionamento profissional, diante de um superior hierárquico, quando fizermos uma coisa errada e a revelamos aumenta a possibilidade de conquistar a boa vontade do outro. Ao insistirmos no sentido de justificar, de defender uma posição errada agravamos a situação. Podemos estar diante de alguém com poderes suficientes par criar constrangimentos.

          Aquilo que simplesmente poderia representar uma simples advertência verbal do superior, na medida em que começa haver resistência, pode produzir coisas mais sérias, uma suspensão ou até uma demissão.  

 

CONSIDERE AS IDEIAS, PROPOSTA E RECLAMAÇÕES DO OUTRO

 

          Antes de assumir qualquer posição, indique a sua disposição de analisar as ideias, propostas e reclamações do outro. Temos que deixar bem claro a ele que estamos interessados em considerar a sua posição, aquilo que tem a dizer, a sua proposta.

 

DAR TEMPO PARA PENSAR MELHOR

 

          Outra coisa que podemos fazer é adiar a ação para darmos tempo para as partes repensarem as questões divergentes. Às vezes percebemos que a coisa não está andando bem naquele momento e podemos sugerir: vamos deixar isso para amanhã, para mais tarde. Quem sabe isso irá abrir espaço necessário para todos fazerem considerações mais adequadas.

 

PERGUNTAS A SEREM RESPONDIDAS

 

          Em qualquer momento do processo procure ter respostas adequadas para as seguintes perguntas:

 

  • O outro está certo ou está errado?

  • Minha reação é adequada para resolver o problema ou apenas resultará em frustrações. Ela fará que haja aproximação, afastamento, rompimento?

  • Qual será o preço de uma vitória em que o outro se sinta derrotado?

 

COMO VENCER UMA DISCUSSÃO

 

          De volta ao ponto de partida: só se ganha uma discussão evitando a discussão, partindo para a discussão nunca haverá vencedores.

 

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