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MOTIVAR POR APROXIMAÇÃO OU AFASTAMENTO

Motivar por aproximação ou afastamento - Unknown Artist
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O QUE NÃO SE QUER

 

            Vamos supor que você  tenha emprestado um livro para um amigo e necessita que devolva. Como você irá solicitar a devolução? Provavelmente dirá: “não se esqueça de trazer o livro”.

            O seu interesse é que seu amigo não se esqueça ou que se lembre de devolver o livro?

            É frequente ouvirmos:

            “Não se esqueça de assistir ao filme X”.

            “Não deixe de dar um abraço em João”.

            “A sobremesa até que não estava ruim”.

            Pela observação do que é dito pelas pessoas e por nós mesmos é possível concluir que predomina a orientação em função do que não se quer. Os nossos comportamentos e atitudes são modelados pela predominância do negativo.

 

 O QUE SE QUER

 

            Já ouvimos e recomendamos em muitas oportunidades: “pense positivo”. Pensar assim é orientar a vida em função daquilo que queremos.

            As pessoas proativas agem dessa forma por perceberem a posse  do controle e da responsabilidade por suas vidas. No lugar de reagirem, como fazem os reativos  frente ao que não querem, fixam objetivos do que querem  e procuram realizá-los. As dificuldades que encontrem são transformadas em oportunidades de superação e de melhor capacitação para a vida.

            Há uma situação que os motoristas enfrentam ao dirigir seus veículos que serve de exemplo para reconhecer o que produz melhor resultado.

            Ao perceberem um buraco na rua ou numa estrada comumente pensam: “não cairei no buraco”. O que acontece? Quase sempre vão direto para o buraco. Acredito que muitos  já passaram por essa experiência.

            O piloto de fórmula 1, Airton Sena, ensinava olhar na direção em que é conveniente passar e não para o buraco. Esse procedimento aumenta a possibilidade de evitar o buraco.

            A mãe recomenda para o filho que irá atravessar uma rua: “cuidado para não ser atropelado”. Melhor dizer: “atenção aos carros, atravesse em segurança”.

            Um anúncio de grandes proporções de um laboratório farmacêutico registrou há algum tempo nas ruas de São Paulo: “cuidamos de sua doença”. Melhor seria: “cuidamos de sua saúde”.

            Nas placas de trânsito da mesma cidade vemos: “nunca feche o cruzamento”. Melhor seria: “deixe o cruzamento livre”.

            Tomar o que não se quer e transformar no que se quer, como nos exemplos, é um excelente exercício para preferir pensar positivo.

 

IMAGENS FORMADAS NA MENTE

 

            O que ouvimos, falamos e pensamos reproduzem imagens em nossa mente.

            O motorista que olha na direção do buraco terá como imagem a queda no buraco, o amigo se vê sem o livro a ser devolvido, o filho imaginará o atropelamento.

            As imagens formadas em nossa mente concentram a atenção e contribuem para a mobilização de recursos para que se concretize o que queremos ou o que não queremos. Não necessariamente isto irá acontecer, mas cresce a  possibilidade.

            Se fizermos a solicitação em função do que se quer - atravesse a rua em segurança, passe ao lado do buraco e lembre-se de trazer o livro - haverá a formação de imagens, porém de forma positiva que expressa o que queremos.

            Dessa forma haverá mobilização dos recursos e condições para que se concretize o que realmente desejamos.

            Melhor será recomendar:

            “Assista ao filme,  você irá gostar”.

            “Dê um abraço em João”.

            “A sobremesa estava excelente”

 

COMO TER ALGO

 

            Vamos supor por hipótese  que conseguíssemos afastar tudo aquilo que não queremos. O que é que teríamos? Não teríamos nada, apenas afastaríamos o que não queremos.

            Para se ter alguma coisa é necessário fixar o objetivo do que se quer alcançar, não basta apenas afastar o que não queremos.

            O pior é que quando nos propomos a afastar o que não queremos surgem limitações a serem consideradas.

            Tomemos um exemplo no campo do ensino religioso como a recomendação para deixar de ser egoísta. Hoje já sabemos que quando colocamos atenção em alguma coisa no lugar de afastar o que não queremos damos mais força ao comportamento ou atitude que se quer evitar. Algo como olhar o buraco e cair nele.

            Então como proceder? Devemos ter como objetivo desenvolver o altruísmo que é o  oposto do egoísmo. Semelhante como passar ao lado do buraco.

            Notem que se deixássemos  de ser egoístas não nos transformaríamos em altruístas.  Não nos transformaríamos em coisa nenhuma, ficaríamos numa linha de indiferença. Para ser altruísta é necessário exercitar essa habilidade. Parar diante do buraco não é suficiente é necessário seguir com segurança.

 

MOTIVAÇÃO

 

            A palavra motivação vem do latim “movere”, que significa "mover". É aquilo capaz de mover o indivíduo, de levá-lo a agir para atingir objetivos ou de lhe produzir um determinado tipo  de comportamento.

            A motivação pode ser por aproximação ou por afastamento.  Por aproximação quando orientada para aquilo que desejamos e queremos, por afastamento quando  queremos evitar ou eliminar as coisas ou situações indesejáveis.

            As pessoas cuja orientação é a de alcançar o que querem para suas vidas respondem quando a motivação é por aproximação. Os elogios e os incentivos devem ser a base da motivação.

            Os indiferentes aos incentivos  somente reagem diante de críticas e ameaças de punições, orientam-se na vida em função do que não querem.

            A motivação por afastamento pode resultar em fracasso quando  utilizada com as pessoas que buscam o que querem. No lugar da motivação pode prevalecer a desmotivação.

        Tomar as notas vermelhas do boletim escolar como o principal foco na avaliação dos resultados pode levar à desmotivação capaz de prejudicar futuro desempenho nas matérias com notas azuis.

            É melhor começar pelas notas azuis, por permitir fortalecer o ânimo dos estudantes ao realçar os resultados positivos, importante para motivá-los na superação das notas vermelhas. 

            Ao começar pelas  notas vermelhas é possível que as azuis deixem de ser apreciadas em função do desgaste emocional e do conflito resultante.

 

O ENCANTADOR DE CAVALOS

 

            O trabalho realizado por Monty Roberts em sua fazenda na Califórnia fornece elementos importantes sobre motivação.

            Ele consegue comunicar-se com os cavalos de tal forma que aquilo antes chamado de doma hoje conhecemos como "doma gentil".

            As pessoas vão até a fazenda para ver como Monty faz a doma. Doma não, porque ele aboliu essa palavra do vocabulário. Domar é amansar, brutalizar o animal de uma maneira bem violenta. O animal é caçado, laçado, estrangulado, espancado, quase explode de tensão. Tiram sangue e depois de muita humilhação, é montado na marra, cortado de espora para pular com o peão.

            A gentileza ocupou o espaço da violência como prática do preparo dos cavalos para serem montados.

            Enquanto que a doma tradicional, caracterizada por violência, exige semanas e até meses para se conseguir os cavalos prontos para serem montados a “doma gentil” de Monty permite isso em surpreendentes 25 minutos.

            Os cavalos respondem de maneira extraordinária à motivação por aproximação e somente se dobram diante da motivação por afastamento depois de muito sofrimento.

            No treinamento de diferentes tipos de animais é notória a mudança de orientação, são usadas recompensas e gentilezas no lugar de castigos.

            Os resultados fantásticos produzidos pela gentileza não ficam restritos aos cavalos. Em qualquer tipo de relacionamento, especialmente entre pais e filhos, é possível observar resultados ainda mais significativos obtidos com a gentileza.

 

NOSSOS RELACIONAMENTOS

 

            Comumente nos apresentamos como interessados em motivar as pessoas que convivem conosco para que tenham atitudes e comportamentos melhores. São membros da família, nossos filhos, cônjuges, pais e irmãos ou pessoas com quem trabalhamos que podem ser superiores, subordinados ou colegas.

            Em muitas situações acreditamos poder ajudar se conseguirmos motivar as pessoas para propósitos que julgamos adequados segundo nosso juízo.

            Usualmente que tipo de motivação procuramos colocar em curso? Procuramos motivar as pessoas por aproximação ou por afastamento?

            Se observarmos com atenção destaca-se de maneira ampla o hábito da crítica para despertar sentimentos de culpa, medo e vergonha, reforçada com aplicação  de punições. Trata-se de preferência pela motivação por afastamento.

É comum perguntas do tipo: Você não tem vergonha?  Não tem medo? Não sente culpa ao prejudicar pessoas de sua convivência? 

            Com isso achamos que as pessoas irão se mobilizar. Podem evidentemente, mas se formos atrás daquilo que queremos a energia que necessitamos não é obtida da culpa, medo ou vergonha e sim do entusiasmo de realizar as coisas que queremos em nossa vida.

            Precisamos desenvolver a capacidade de motivar as pessoas pelo entusiasmo somente possível quando há empatia e que o outro esteja interessado naquilo que queremos oferecer. Deixemos de querer motivar alguém que nem pediu que fizéssemos isso especialmente quando nossa preferência for  motivar por afastamento.

 

NÃO ESTAVA PREPARADO PARA DEIXAR DE FUMAR

 

            Lembro-me de quando eu fumava, isso foi há muitos anos atrás. Nessa época era leitor da revista Seleções. A partir de um dado momento – na condição de pioneira - começou a publicar mensalmente artigo falando cobras e lagartos do hábito de fumar e dos fumantes. Dessa revista eu lia tudo, da capa à contracapa, não escapa nada lia todo o seu conteúdo. Com o surgimento dessa campanha continuei a ler a revista, de capa à contracapa, com exceção de um artigo. Dá para adivinhar qual era? Justamente o que apontava os malefícios do fumo. Por quê? Porque naquele momento não estava preparado para deixar de fumar  e ler o artigo causava sofrimento.

            Deixei de fumar quando surgiu uma situação em que isso representou uma vantagem. Prevaleceu a motivação por aproximação que permitiu superar o condicionamento do vício, mas sem sofrimento e a sensação de algum tipo de perda.

 

OS CRITICADOS ESTÃO PREPARADOS?

 

            Nossas críticas podem produzir sofrimentos e nenhum resultado quando as pessoas não estiverem preparadas para ouvi-las. Quando for possível irão até evitar o convívio  conosco, seremos páginas viradas.

            Se a pessoa estiver preparada será necessário criticá-la? Provavelmente estará interessada em solicitar ajuda para que possa superar a dificuldade sem que precise se submeter a qualquer tipo de imposição.

            Motivação por afastamento, caracterizada basicamente pela crítica, é fonte de conflito permanente em nossos relacionamentos.

            Muitas vezes achamos que isso funciona porque normalmente quando fazemos a crítica ela vem acompanhada de punições ou de ameaças. Fazemos isso com as pessoas sobre as quais  detemos poder como familiares ou subordinados.

            Achamos que é a crítica que dá resultado. É o medo de perdas e desconfortos que  obriga as pessoas a fazerem ou deixarem de fazer aquilo que o crítico pretende impor.

            Quando desenvolvemos a capacidade de entusiasmar as pessoas, na busca de coisas que sejam fundamentais na sua vida, criaremos ou fortaleceremos nossos vínculos de amizade. 

            Imagine a importância disso na convivência com os filhos, cônjuge,  outros familiares e na convivência profissional e social.

            Assim qualquer objetivo que buscamos por aproximação vai nos encher de entusiasmo, mesmo que surjam dificuldades elas serão superadas de maneira diferente.

            As dificuldades serão estímulos e quando superadas nos sentiremos bastante realizados, enquanto que na outra situação diante das dificuldades iremos reclamar achar que o mundo é ruim, que não temos sorte e mais uma série de coisas. Acharemos que há injustiça por termos que enfrentar dificuldades e nos revoltaremos, e, todo revoltado não mobiliza os recursos necessários para vencer o desafio que possa enfrentar.

 

AUTOMOTIVAÇÃO

 

            Como é que estamos motivando a nós mesmos, fazemos uma análise permanente das coisas que estejam nos incomodando? Ou procuramos identificar aquelas coisas que queremos e como desenvolver as capacidades necessárias, ou seja, estabelecer procedimentos que permitam alcançar o que queremos.

            A motivação por aproximação permite acordar diariamente preenchidos de uma poderosa energia capaz de mobilizar nossas potencialidades e capacidades. Adotemos esse propósito conosco e com todos que representam a grande família de nosso convívio.

 

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