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VALORES PARA A CONVIVÊNCIA – RESPEITO

RESPEITO - Unknown Artist
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LIVRO "Valores para a convivência" de Esteve Pujol i Pons e Inés Luz Gonzáles. Editora A Girafa

 

            Às vezes, as palavras mais simples são as mais difíceis de definir; são tão claras, as usamos tanto, as entendemos tão bem, que... fica muito complicado resumir seu conteúdo em termos concisos.

            Em vez de buscar uma definição no dicionário, vamos por outro caminho: a palavra "respeito" procede de uma palavra latina que significa "olhar ao redor". Isso pode nos trazer muita luz sobre o que significa respeito e respeitar. Pode-se afirmar que o que respeita olha ao seu redor e o que não respeita não olha? Exatamente.

 

Respeitar é agir sabendo que não estou sozinho.

 

COMO EXPLICAMOS AOS NOSSOS FILHOS?

 

            O mais claro é fazê-lo com imagens. É fácil mostrar a diferença entre: a) estar no cume de uma montanha, isolado do mundo, contemplando ao longe pequenas aldeias; e b) estar em um vagão de trem, cheio de passageiros que leem, conversam e observam tranquilamente a paisagem.

            Pois bem, se no cume deserto da montanha eu ligo meu rádio ou meu aparelho de CD na potência máxima, não vou faltar ao respeito com ninguém; se, pelo contrário, no meio do vagão do trem, eu faço o mesmo, observarei o enfado de muitos viajantes e possivelmente alguns deles, ou o responsável pelo trem, me chamarão a atenção por não estar respeitando os demais.

            Por que essa diferença? Porque, se lá de cima "olhamos ao redor", não vemos ninguém; ao passo que se olhamos ao redor na outra situação, vemos. Essa é a diferença.

            Quem sabe olhar ao redor e ver que há pessoas como ele, que não está sozinho, saberá o que significa respeitar. Pelo contrário, quem age sem observar se há alguém ao redor (ou sem levá-lo em consideração), e se comporta como se estivesse sozinho, seguramente não respeitará os demais.

 

É certo que a criança deve respeitar; e também que a ela se deve um enorme respeito.

 

 

QUANDO DEVEMOS COMEÇAR A ENSINAR-LHES A RESPEITAR?

 

            A partir do momento em que houver alguém ao seu redor, ou seja, desde o princípio.  

            É que nosso filhinho ainda não entende nada; ele é muito pequeno.

            Os pais (os educadores em geral) sabem que os filhos nem sempre entendem o que dizemos; o importante é que desde pequenos eles nos ouçam, para inculcar-lhes lentamente o hábito da reflexão e da conduta que os modelarão para toda a vida: a isso chamamos educar. E, cuidado! Com isso não usurparemos sua liberdade. Se os educarmos corretamente, os ensinaremos a ser livres, a seguir a sua consciência, a modificar os hábitos que lhes pareçam incorretos, a ter senso crítico.

            A educação, se correta, fará de nossos filhos pessoas livres; uma educação que não construa seres livres não é uma boa educação, apesar do evidente risco que comporta uma educação na liberdade.

            Respeitamos sua intimidade, respeitamos seus gostos; ensinamos a respeitar os nossos.

 

FRASES CÉLEBRES

 

- Não nascemos somente para nós mesmos. (Cícero, filósofo romano)

- O homem é algo sagrado para o homem. (Sêneca, filósofo latino)

- Não faças aos outros o que não queres que te façam. (Vários autores)

- Somos membros de um grande corpo. (Sêneca, filósofo latino)

 

O PRATO DE MADEIRA

 

            Pobre avô! Havia passado a vida trabalhando de sol a sol com as suas mãos; a fadiga nunca havia vencido sua vontade de levar o dinheiro para casa a fim de que houvesse comida na mesa e bem-estar na família. Mas tanto trabalho, por tanto tempo, lhe custara um doloroso tributo: as mãos do ancião tremiam como folhas no vento de outono. Apesar de todo o seu esforço, frequentemente os objetos caíam de suas mãos e viravam cacos no chão.

            Durante as refeições, não acertava levar a colher à boca e o seu conteúdo se derramava sobre a toalha. Para evitar tal constrangimento, procurava aproximar o prato, que terminava em cacos no chão da cozinha. E isto repetia-se todos os dias.

            Seu genro, muito incomodado com os tremores, tomou uma decisão que contrariou toda a família: a partir daquele dia, o avô passaria a comer longe da mesa familiar e usaria um prato de madeira; assim não mancharia as toalhas nem quebraria as vasilhas.

            O avô movia suavemente a cabeça com resignação, e, de vez em quando, enxugava lágrimas que rolavam pela face; era muito duro aceitar aquela humilhação.

            Passaram-se algumas semanas e certa tarde, quando o genro voltou para casa, encontrou o filho de nove anos envolvido em uma misteriosa tarefa: o garoto entalhava um pedaço de madeira com uma colher de cozinha. O pai, cheio de curiosidade, lhe disse:

            - O que você está fazendo, com tanta seriedade? É algum trabalho manual que mandaram fazer na escola? - Não, papai - respondeu o menino. - Então, do que se trata? Você pode-me explicar?

            - Claro que sim, papai. Estou fazendo um prato de madeira para quando você ficar velho e suas mãos tremerem.

 

            Foi assim que o homem aprendeu a lição e, desde então, o ancião voltou a sentar-se à mesa com toda a família.

            Devemos estar plenamente convencidos de que educamos 90% pelo que fazemos e 10% pelo que dizemos

 

A FALTA DE RESPEITO

 

            Ao tentar pôr em prática o respeito, é possível cair em dois extremos, ou seja, pode-se malograr o respeito por falta ou por excesso.

            No primeiro caso: por atrevimento ou descaso, por descortesia ou falta de atenção e respeito, ou por meter-se em algo inoportunamente.

            No segundo caso: por medo de que aconteça algo indesejável, por desconfiar ou suspeitar de algo não desejado, por superestimar a opinião dos outros, fazendo com que ela valha mais do que as normas da moral.

 

            FALTADE RESPEITO: descortesia, insolência, grosseria, intromissão.

 

            EXCESSO DE RESPEITO: medo, receio, respeito que deriva em cumplicidade por temor.

 

OS EXEMPLOS DOS VÍCIOS CORROMPEM MAIS RAPIDAMENTE QUANDO VISTOS DENTRO DE CASA

 

            Dentro de casa criamos, ou quem sabe toleramos, condutas de verdadeira falta de respeito, ao favorecer situações entre os membros da família, especialmente entre pais e filhos, que podem ser consideradas falta de respeito, e que muitas vezes nos passam despercebidas. Somente ao refletir nos damos conta de que estamos cultivando a falta de respeito ao praticar:

            •A injustiça. Quando não damos a cada um o que lhe é devido, às vezes sob a falsa desculpa de "não fazer diferenças".

            •O silêncio. Quando não expressamos nossos pensamentos em circunstâncias em que deveríamos fazê-lo.

            •A desigualdade. Quando alguém se arroga mais direitos que aos demais, sem fundamento objetivo. Ou quando alguém assume ou vive sua inferioridade, sem demonstrar que ela não é verdadeira.

            •A falta de solidariedade. Quando não queremos compartilhar ideias, responsabilidades, bens, tempo, preocupações, alegrias...

 

             Sem dúvida, o fundamental é a primeira ideia: devemos olhar sempre ao nosso redor! E, para isso, temos que ensinar nossos filhos a olhar os que estão ao seu redor para que "vivam" - não só que saibam - que não estão sozinhos.

 

ATIVIDADES

 

ABRA OS OLHOS

 

            Enquanto passeamos pela rua, pedimos à criança que observe as janelas que vê e que imagine as pessoas que vivem naquelas casas. Ajudemo-la a imaginar as pessoas velhas ou que estão doentes e precisam descansar, que talvez não tenham podido conciliar o sono ou que só conseguiram com muita dificuldade há pouco tempo.

            É possível que o motorista com o escapamento aberto, ou o fanfarrão que fala aos berros, olhe as janelas e pense no que estamos pensando agora? Fariam o mesmo barulho que fazem?

 

SUGESTÕES

 

            Esta atividade adquire um realismo especial se fizermos esta reflexão quando passarmos ao lado de um hospital, de uma residência para pessoas idosas, de um centro assistencial etc.

            Também podemos aproveitar a ocasião em que a criança tem algum avô ou algum parente que se encontra em uma situação parecida.

 

POSSO FILHO ?

 

            Os mais velhos da família deverão pedir permissão ao filho para entrar em seu quarto ou no banheiro quando ele estiver de porta fechada.

            Uma simples batidinha na porta e um suave "Posso, José?" ou "Posso entrar, Ana?" serão uma evidente mostra de respeito à intimidade dos pequenos da casa, que deve ser sagrada para todos.

 

RECIPROCIDADE CONSEQUENTE

 

            Sem pretender implantar formalismos sufocantes dentro de casa (isso jamais!), devemos esperar que nossos filhos adquiram esse mesmo costume antes de entrar no quarto dos mais velhos. Não se trata de uma exigência, mas de que nosso exemplo o leve a fazer o mesmo.

 

ASSISTIMOS À TELEVISÃO COM RESPEITO

 

            Assistir a programas, filmes, concursos, debates... pela televisão junto com nossos filhos nos oferece inúmeras oportunidades de "salpicar" comentários com intenção educativa em relação ao respeito ou à falta dele.

            Os personagens, as cenas, as atitudes, as intervenções do público, o tom do apresentador, ou qualquer outra coisa, nos darão a chance de elaborarmos reflexões interessantes.

 

ATENÇÃO

            Não devemos ser inoportunos com nossos comentários, se não queremos obter efeito contrário. Uma exclamação ou uma frase breve podem ser mais efetivas que uma "grande" reflexão que os faça perder o fio da meada do que estão vendo. Quando terminar, podemos começar uma conversa mais profunda.

 

RESPEITAMOS A SUA INTIMIDADE

 

            Nesta fase nossos filhos tendem a guardar zelosamente sua intimidade. Possivelmente escrevem notas pessoais em algum caderno, diário, ou cartas para seus amigos.

            É importante que mostremos respeito à sua intimidade: seus segredos são "seus segredos" e não devemos nos intrometer neles.

 

SUGESTÕES PRÁTICAS

 

            • Não ler seu diário pessoal sem ser convidado.

            • Não ler sua correspondência.

            • Não olhar suas anotações pessoais.

            • Permitir-lhe que fale ao telefone privadamente.

            • Fazer com que tenha seu próprio e-mail.

 

            Também temos que entender que, nesta fase, as crianças já têm um gosto pessoal e que devemos respeitar seu critério estético ao decorar seu quarto, escolher sua roupa etc.

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