VALORES PARA A CONVIVÊNCIA – TOLERÂNCIA
TOLERAR É SUPORTAR E MUITO MAIS
Quando nos referimos a tolerar, podemos entender esta palavra no sentido "pobre" ou no sentido "rico":
• o sentido "pobre" (escasso, mínimo, precário, débil), significa suportar; ter paciência ante os erros e as falhas alheias; não agredir o que pensa diferente de nós; deixar em paz a pessoa que nos ofende; não nos irritarmos com a diferença... Oxalá todo mundo tivesse, pelo menos, esse tipo de tolerância!
• No sentido "rico" (pleno, profundo, forte), significa reconhecer o pluralismo; respeitar a diversidade, compartilhar as diferenças com os demais, como algo positivo, benéfico, enriquecedor...
Fica claro que no segundo sentido a tolerância não é a atitude do fraco, do paciente, do incapaz, do tímido, do pusilânime, do resignado, do impotente; nem tampouco do valentão, do pedante, do indiferente, do elitista, do "superior", do depreciativo...
Para expressarmos como se deve educar uma criança na tolerância, com palavras conclusivas e de valor universal, afirmaremos que: ''A criança deve ser protegida contra as práticas que possam fomentar a discriminação racial, religiosa ou de qualquer outro tipo. “Há de ser educada no espírito de compreensão, tolerância, amizade entre os povos, paz e fraternidade universal, e com plena consciência de que há de consagrar suas atitudes e energias a serviço de seus semelhantes” (Declaração Universal dos Direitos da Criança, ONU).
CONTO
OS SETE CAVALEIROS DAS CORES
Era uma vez, há muitos anos, o Reino das Cores, em que havia Sete Cavaleiros: o Vermelho, o Laranja, o Amarelo, o Verde, o Azul, o Anil e o Violeta. Todos eram valentes, ousados e orgulhosos de sua cor.
O Cavaleiro Vermelho dizia muito satisfeito:
- Minha cor é a mais bonita. Olhe o fogo, as cerejas e os morangos, e aquelas rosas vermelhas que parecem uma chama viva. A vida é vermelha como lábios para beijar.
O Cavaleiro Laranja replicava sempre:
- Sim, mas o vermelho é a cor do sangue, da guerra. Sem dúvida, é minha a cor das laranjas e das tangerinas, e das nuvens quando o sol se põe e o ar é morno. É uma cor suave, e inclusive parece que faz bem.
Em seguida se intrometia o Cavaleiro Amarelo:
- Que falsidade! Eu sim sou formoso: olhe o sol, o ouro, os limões, o mel e muitas das flores do campo. Até as folhas das árvores, no outono, são amarelas, como se tivessem inveja das flores.
Então, o Cavaleiro Verde começava a rir:
- Vamos, vamos! As folhas, no outono, amarelam porque estão prestes a morrer. Quando as plantas e as árvores estão fortes e jovens, suas folhas são verdes. Olhe os montes, as pradarias e os bosques. O mundo é verde quando está vivo.
Mas o Cavaleiro Azul gritava:
- Que disparate acabo de ouvir! Se de alguma cor é o mundo, essa cor é o azul. Olhe a imensidão do mar, os lagos e os rios. E o céu? Uma imensa bola azul, um espaço infinito de cor azul. Azul-marinho para a água e azul-celeste para o céu.
O Cavaleiro Anil, calado até então, dizia com agressividade:
- Mas de que cor são as montanhas quando as olhamos de longe, no meio da tarde, quando o sol se põe? Anil, como o vinho e a uva madura. E como as ameixas, as amoras e os figos, mais doces que mel. A cor anil é séria, solene, magnífica.
Para terminar, dizia o Cavaleiro Violeta:
- Vejamos; qual é a flor mais perfumada e delicada do bosque? Naturalmente, a violeta. E a cor de muitas pedras preciosas no coração da terra? A violeta é uma cor cheia de sentimento, de emoção; o céu no crepúsculo, o som de veludo que produz os violinos. Só o nome da violeta já é pura poesia.
E cada um deles passava horas diante do espelho contemplando os reflexos de sua cor, porque todos se achavam o melhor e só viam defeitos nos demais.
Um dia, o Rei Preto-e-Branco, que era o senhor do Reino das Cores, acompanhado da Rainha Rosa, os chamou e disse:
- Amados e valentes Cavaleiros das Cores, começo a ficar um pouco farto de vossas brigas e de vossas vaidades. Eu, o Rei Preto-e-Branco, ordeno que de hoje em diante andem sempre juntos e não discutam por suas diferenças. É verdade que somos diferentes, mas... que aborrecido se todos fossem iguais!
E continuou:
- Logo será o casamento de minha filha, a princesa Rosa Branca, e quero decorar os portões do palácio com o enfeite mais lindo que jamais alguém viu. Deixo isso em suas mãos, Cavaleiros das Cores.
Cada Cavaleiro começou a pensar como contentar o Rei, e só lhes ocorria enfeitar o palácio com um grande arco de sua própria cor. Na véspera do casamento, eles se reuniram e, quando cada um expôs a sua ideia, começou a mesma discussão de sempre. Então, o Rei Preto-e-Branco saiu de seu quarto e disse aos criados:
- Prendam esses Cavaleiros vaidosos e os mandem para onde eu não volte a vê-los nunca mais.
Obedecendo às ordens do Rei, os criados prenderam os Sete Cavaleiros das Cores, amarraram todos juntos, e os mandaram para além das nuvens. Oh, que maravilha! O que aconteceu então foi algo que alguém podia imaginar. Ali, mais alto que as nuvens, formou-se o arco mais bonito e esplendoroso que alguém jamais havia visto: o arco-íris. Todos os Cavaleiros, cada um com sua cor, mas junto com os demais. No país inteiro, todos os olhos se voltavam para o céu, maravilhados:
- Oh, que arco de cores! Que cores tão diferentes, e que formosas todas juntas! Parece, ao mesmo tempo, uma chama ardente, uma cesta de laranjas, um raio de sol, um retalho de bosque, um gole de mar, um cacho de uva madura e o céu no crepúsculo; tudo ao mesmo tempo. É fantástico!
A TOLERÂNCIA INSUFICIENTE A TOLERÂNCIA E A INTOLERÊNCIA
É TOLERANTE MAIS POUCO
• O que perdoa e dissimula os erros dos outros.
• O que não ataca os que pensam diferente dele.
• O que crê que faz parte da porção sadia da sociedade.
• O que pensa: "É uma pena que eles sejam como são".
• O que diz: "Como o ser humano é mau!".
• O que sonha com tempos e Costumes de maior uniformidade.
• O que ensina a verdade aos demais.
• O que gosta de responder.
É REALMENTE TOLERANTE
• O que tenta compreender os que, na sua opinião, estão equivocados.
• O que se aproxima dos que pensam diferente dele.
• O que crê que todo mundo tem virtudes e defeitos.
• O que pensa: "Por sorte, somos todos como somos".
• O que diz: "Como as pessoas são más".
• O que está convencido de que na variedade está o prazer.
• O que busca a verdade nos outros.
• O que gosta de perguntar.
É REALMENTE INTOLERANTE
• O que crê que sempre tem razão e que os outros estão errados.
• O que se alheia dos que pensam diferente.
• O que professa que há raças ou culturas superiores a outras.
• O que quer que todo mundo pense igual (igual a ele, claro).
• O que diz: "O único bom sou eu!".
• O que diz que há excessivas formas de pensar.
• O que crê que a liberdade é um mal.
• O que não quer escutar.
FRASES CÉLEBRES
- Todo mundo acha bonito o que é seu. (Cícero, filósofo romano).
-A tolerância é o respeito pela diferença através de nossa humanidade comum. (Boutros Boutros-Ghali, sexto secretario geral das Nações Unidas, ONU.).
-A partir de hoje, na consciência e no comportamento de todos nós, a tolerância há de ser entendida no seu sentido forte: não se trata só da aceitação do outro na sua diferença, mas da orientação para o outro para conhecê-lo melhor e para que cada um se conheça melhor através do outro, para compartilhar com ele, para oferecer-lhe o gesto da fraternidade e da compaixão, porque os valores universais, que pertencem a todos, se enriquecem com a especificidade preciosa de cada cultura e de cada língua e com a insubstituível criatividade de cada pessoa. (Federico Mayor Zaragoza, político espanhol e ex-díretor-geral da Unesco).
ATIVIDADES
Aproveitar a narração das fábulas e dos contos, como Os Sete Cavaleiros das Cores, para conversar com os filhos e extrair todo o sumo de tais narrações.
Nesse caso, podemos propor os seguintes pontos de partida para aproveitar ao máximo o relato:
• O que acontece na história?
• Que coisas vermelhas citava o Cavaleiro Vermelho?
• E que coisas azuis citava o Azul?
• Como criticavam os outros Cavaleiros?
• Que defeitos encontravam?
• Por que discutiam entre eles?
• No que tinham razão? E no que não tinham?
• Qual foi a solução para as suas brigas contínuas?
• Ocorre conosco o mesmo que com os Cavaleiros? Quando?
• No que as pessoas são diferentes?
• Alguma vez brigamos por causa das diferenças?
• As diferenças são boas ou más?
• Como conseguiremos que sejam boas?
AS BOLSAS
"Quando Deus, em tempos remotos, modelou o homem, colocou-lhe no ombro duas bolsas, uma com os defeitos dos outros, outra com os defeitos dele mesmo; a bolsa com os defeitos alheios ele colocou na frente, e a outra, nas costas. Por isso enxergamos os defeitos alheios muito antes de enxergar os nossos."
Podemos explicar esta fábula de Esopo a propósito de uma pessoa intrometida que, cega para seus próprios defeitos, se irrita com os defeitos dos outros.
SOMOS DIFERENTES
Nós, os mais velhos, devemos ser os primeiros a praticar a aceitação positiva da diversidade, os primeiros a exercitar a não discriminação. Ela se manifestará se, na presença de nossos filhos, nos sentarmos com naturalidade em um transporte público ao lado de pessoas de outra raça, pessoas com deficiências físicas ou psíquicas... ou ainda características não habituais, se as tratarmos com a mesma normalidade que às demais, pedirmos informações, lhes dirigirmos a palavra ou um sorriso, cedermos o lugar, caso seja necessário...
Mas não façamos nenhum comentário posterior... Será o mais natural, não?
EU GOSTO, VOCÊ GOSTA
Fase individual. Cada membro da família escreve três coisas que gosta de fazer e três de que não gosta.
Fase familiar. Tenta-se fazer o mesmo todos juntos.
Fase final. Comentar as dificuldades encontradas para chegar a um acordo.
A primeira finalidade desta atividade consiste em comprovar que todos somos diferentes, até mesmo nos menores detalhes; gostamos de coisas distintas.
A segunda é nos convencer da dificuldade em conciliar os gostos distintos. E a terceira é comprovar que, com esforço, podemos chegar a um acordo sobre algumas coisas.
Que divertido é ser diferente!
IGUAIS E DIFERENTES
Cada membro da família pensa em três pessoas que conhece e de quem gosta muito. Em seguida, tenta encontrar três semelhanças e três diferenças entre ele e cada uma dessas pessoas.
É preciso refletir sobre isso, ver como conseguimos chegar a um acordo sobre o gosto, apesar das diferenças, e observar que as diferenças podem ser complementares e proveitosas para ambos.
SUGESTÃO
Pode-se acrescentar uma fase intermediária em que cada um procure encontrar semelhanças e diferenças das três pessoas entre si.