top of page

A PERGUNTA TEM MIL E UMA UTILIDADES

A pergunta tem mil e uma utilidades - Unknown Artist
00:00 / 00:00

MIL E UMA UTILIDADES

 

          Há dispositivos, ferramentas e objetos que se caracterizam por suas múltiplas aplicações, entre eles encontramos um famoso canivete suíço e uma esponja de limpeza cuja propaganda diz ser de mil e uma utilidades.

          Quando consideramos a convivência dos seres humanos há muitos recursos que podem facilitar e ampliar os horizontes de nossa comunicação tornando-a mais efetiva. De grande importância é a pergunta que, talvez, ainda não tenhamos reconhecido o seu valor. Com ela podemos aprender, ensinar e modificar o estado de espírito das pessoas.

 

RAIO LASER

 

          Se comparássemos a pergunta com um raio laser teríamos algo semelhante. O raio laser concentra a luz para que, num facho uniforme, ela não se disperse, e alcance um potencial energético impossível sem essa coerência. A pergunta focaliza o que desperta interesse em nossa comunicação, torna evidente o que pretendemos alcançar.

          A pergunta pode ser utilizada de maneira produtiva e harmoniosa como também pode ser um instrumento capaz de produzir resultados negativos que é melhor evitá-los.

 

MAÊUTICA

 

          Consideremos as várias possibilidades que a pergunta oferece no processo de aprendizado, podemos lembrar Sócrates com a  Maiêutica que tem por fundamento o uso de perguntas. Método de ensino no qual o professor usa perguntas para estimular o aprendizado do aluno. É uma técnica de ensino fantástica, que permite resultados excelentes. Tem a vantagem de funcionar como verdadeiro exercício mental para o aluno, que, utilizando seus próprios conhecimentos, desenvolve a capacidade de associar recursos internos que resulta no desenvolvimento de seu raciocínio lógico.

          O aluno vai se autodesenvolvendo, cabendo ao mestre estimular e direcionar esse processo através de perguntas que possam despertar no íntimo aquilo que poderá ser manifestado pelo aprendiz.

 

RECURSO PARA OBTER CONHECIMENTO

 

          O aluno pode também utilizar a pergunta como uma ferramenta importante, indagando o seu mestre, localizando seus pontos de dúvida ou aqueles de maior interesse.  O processo de aprendizado torna-se mais rico com a interatividade estabelecida pelas perguntas e respostas.

          A pergunta é um instrumento de grande importância para aumentar o conhecimento. Sempre que houver contato com pessoas que detenham conhecimentos valiosos em áreas de nosso interesse podemos formular questões que possam trazer informações que aprimorem nossa capacidade.

 

MINHA EXPERIÊNCIA COM AS PERGUNTAS

 

          Hoje percebo com nitidez a importância das perguntas na construção de meu conhecimento em minha atividade profissional e no desenvolvimento de outros projetos. Nas organizações em que trabalhei foram muitas as pessoas que se dispuseram responder as perguntas que formulei. Sem medo de errar acredito que essa contribuição associada à leitura de livros foi mais relevante do que os anos em que ocupei os bancos escolares. Nas aulas nem sempre havia condições favoráveis para que eu e os demais alunos pudéssemos perguntar.

          Há dois projetos que desenvolvi que merecem destaque especial em razão da excelente contribuição das perguntas: apicultura e informática. Na época dessas realizações os recursos de aprendizado erram limitados pela falta de cursos, livros e manuais.

          Os encontros com apicultores permitiu descobrir o caminho para instalar as primeiras colmeias. Ressalte-se que eles ficam gratificados quando encontram ouvidos interessados por suas respostas. Esse projeto permitiu também reforçar o interesse sobre questões ecológicas. Além de como instalar os apiários, criar rainhas e realizar manejo seguro aprendi muito sobre a contribuição das abelhas na polinização das plantas, importante fator para a conservação da qualidade do meio ambiente.

          As perguntas permitiram desvendar os “segredos” da informática, no meu caso o interesse foram os computadores pessoais.

          Enquanto a apicultura faz parte de meu passado a informática está muito presente. E sempre que surgem novos recursos formulo novas perguntas que suprem as necessidades não cobertas por livros e manuais.

 

RECEIO DE PERGUNTAR

 

          Muitos deixam de perguntar por temerem que sejam vistos como tolos ou ignorantes. Alguém nos esclarece: nós podemos fazer uma pergunta e sermos tolos por cinco minutos, mas poderemos ser tolos pela vida inteira quando deixamos de perguntar. 

          Vale apena arriscar-se com alguma pergunta que não seja brilhante e possa até ser motivo de chacota ou de observação negativa, porém sem fazer perguntas assinamos atestado de tolice para sempre, por deixar sem uso instrumento de rara importância.

          Muitos dizem que não fazemos perguntas porque somos orgulhosos, nos expomos e mostramos nossa ignorância. Isso tem maior destaque quando estamos diante de muitas pessoas numa palestra, aula ou coisa semelhante. Ora, e que importância tem isso, quem está livre de ignorância, que possa cobrir todos os campos de conhecimento, essa pessoa não existe.

          Portanto, não devemos ter receio ou constrangimento, devemos vencer essa barreira que impede que façamos perguntas. De certa forma podemos considerar isso como um exercício de humildade e coragem.

          Com a humildade mostramos interesse pelos outros, é reconhecer no próximo contribuições importantes para nosso crescimento nas diferentes esferas da vida.

 

MAUS EXEMPLOS, PERGUNTAR PARA EXIBIR-SE

 

          Há aqueles que por uma questão de orgulho fazem perguntas para se exibir e não para aprender. A indagação reveste-se de ampla exposição e com isso pretendem evidenciarem profundos conhecimentos que possam ter.  São perguntas para exibição como fazem os pavões para mostrar a rica plumagem.

          Isso não tem a menor importância para nosso crescimento, pelo contrário isso mostra que ainda usamos nosso conhecimento de forma inadequada.

 

MAUS EXEMPLOS, PERGUNTAR PARA CONSTRANGER

 

          Recordo-me do tempo de meus estudos na faculdade. Havia um grupo com alguns alunos bastante rebeldes do qual eu participava. A especialidade era formular perguntas capazes de colocar professores em dificuldades. Isso acontecia especialmente com professores que não tinham domínio completo da matéria que ensinava.

          Hoje quando levo em consideração a importância de fazer ao outro o mesmo que quero que façam para mim entendo ser esse um procedimento inadequado.

          Assistimos com frequência nos debates públicos, especialmente nas épocas de eleições, que os candidatos procuram através de perguntas colocar o outro em dificuldade, procuram expor o pior que o outro possa ter.  Essa é uma forma de pressionar as pessoas, colocá-las em situações difíceis, não é bom uso das perguntas em nossa vida.

 

SABER OUVIR

 

          Uma combinação importante é desenvolver a habilidade de fazer perguntas e ao mesmo tempo saber ouvir. Não só as respostas para as perguntas que formulamos, mas ouvir sempre que alguém queira se comunicar conosco numa condição particular ou mesmo quando em público estejamos ouvindo a exposição de temas apresentados pelos oradores. Entendo que essa conjugação de saber perguntar com saber ouvir nos qualifica muito para a vida.

 

A IMPORTÂNCIA DAS PERGUNTAS NOS RELACIONAMENTOS

 

          Comumente encontramos pessoas que querem desabafar, reclamar e fazer cobranças. Nesses casos é importante acolher as pessoas e permitir que falem, exponham seus sentimentos, frustrações e mágoas, quer em relação a nós ou a outras pessoas. Uma pessoa nesta condição não está em seu melhor, suas vibrações estão baixas porque alimenta sentimentos negativos.  Como contribuir para que saia de uma condição negativa e possa assumir um estado interior melhor?

          Usualmente achamos que podemos fazer isso contestando a pessoa ou pelo empenho em reduzir a importância que ela atribui ao seu desconforto: “você está dando muita importância”, “não deve ligar”, “deve passar por cima disso”. Em seguida muitos conselhos. Na prática isso não funciona, a pessoa está completamente mergulhada naquela condição, mas as perguntas podem ajudar.

 

COMO MUDAR O ESTADO DE UMA PESSOA

 

          O convívio permite conhecer as áreas de interesse das pessoas, o que dá prazer, alegria e satisfação. Vamos supor que alguém que temos diante de nós aprecie bastante as orquídeas e possua várias em sua casa.

          Depois de termos oferecido a oportunidade para que desabafasse colocaremos em ação nossa habilidade de fazer perguntas: diga-me quais são as orquídeas que estão floridas no momento? Ou ainda: você obteve novas espécies?.

          Notaremos mudança significativa em seu semblante. A conversa deve ser conduzida dentro do tema até que percebamos que a pessoa tenha saído de sua condição negativa, onde apenas havia espaço para queixas, reclamações e cobranças.

          Na hipótese de haver interesse da pessoa, poderemos voltar a considerar o seu desconforto. Graças à sua condição interior modificada haverá possibilidade e receptividade para as sugestões que pudermos formular. Caso contrário procuremos outros temas que possam sustentar a mudança positiva alcançada.

 

JOGAR A PESSOA PARA BAIXO

 

          Há aqueles que através de perguntas conseguem jogar a pessoa para baixo.

          Alguém chega e diz:

          -- Olha depois de muito procurar consegui um emprego.

          -- Onde foi que você conseguiu esse emprego?

          -- Arrumei o emprego na empresa tal.

          -- Quanto tempo você acredita que vai aguentar nesse emprego?

          -- Acredito que por muito tempo.

          -- Que informações permitem essa conclusão?

          -- É o que eu sinto.

          -- Não será melhor evitar se precipitar?

          Através de uma pergunta ou de uma sucessão delas é possível demolir todo o entusiasmo e toda a motivação, isso acontece com muita frequência, mas não é com esse propósito que devemos saber fazer perguntas. 

 

PERGUNTAS ABERTAS E FECHADAS

 

          Outra coisa importante, muitas vezes em nossos relacionamentos encontramos pessoas que não falam muito por timidez, não rola uma comunicação que possa desenvolver vínculo mais rico e confortável. Conhecer os tipos de perguntas pode ajudar a vencer essa limitação.

          As perguntas podem ser fechadas ou abertas. Uma pergunta fechada normalmente leva a pessoa a responder sim, não, gosto, não gosto. O diálogo é pobre e truncado.

          Se a pergunta for: você vai viajar nesse fim de semana? A resposta poderá ser: sim ou não.

          A conversa não prospera, mas é possível melhor resultado com uma pergunta aberta que para ser respondida não basta dizer sim ou não, gosto ou não gosto. Ela poderá ser formulada da seguinte maneira: diga-me o que espera encontrar em sua viagem de férias? Ou: quais são seus desafios profissionais?

          Perguntas abertas estimulam e mantém vínculos com as pessoas de nosso convívio.

 

PERGUNTAS PARA NÓS MESMOS

 

          Uma das coisas que devemos saber é a importância de fazer perguntas para nós mesmos como recurso para tornar a nossa vida mais objetiva. Podemos perguntar o que buscamos, qual a importância dos objetivos e como procuramos concretizá-los. Perguntemos e busquemos respostas para: quem somos, de onde viemos e para onde iremos.

          Diante da pergunta: o que é mais importante na vida? Teremos sempre como resposta: amar a Deus e ao próximo como a si mesmo.

 

 

bottom of page