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COMO VENCER A CARÊNCIA

Como vencer a carĂȘncia - Unknown Artist
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OBSTÁCULO DIFÍCIL NOS RELACIONAMENTOS

 

       O carente representa um obstĂĄculo bastante difĂ­cil nos relacionamentos, cobra as pessoas com as quais se relaciona como se fossem responsĂĄveis por sua carĂȘncia. NĂŁo assume sua responsabilidade, adota o papel de vĂ­tima e acredita que a vida Ă© um processo de sorte e azar.

       Ă‰ importante entender como a carĂȘncia surge e como superĂĄ-la para que deixemos de ser carentes nos relacionamentos e quando encontrarmos pessoas nessa condição sabermos como lidar com as situaçÔes que surgem.

 

CONTRIBUIÇÃO DE ERMANCE DEFAUX

 

       Ermance Defaux, no capĂ­tulo 15 de seu livro “Mereça ser feliz”, oferece importante contribuição.

        Diz ela: “A carĂȘncia Ă© um estado Ă­ntimo de insatisfação que surge da privação de alguma necessidade pessoal cujo principal reflexo Ă© o sentimento de infelicidade”.

       â€œNa Ăłtica afetiva Ă© um processo de desnutrição que pode ter-se iniciado na infĂąncia e atĂ© mesmo em outras encarnaçÔes. AdvĂ©m de desejos recalcados, expectativas nĂŁo colimadas, frustraçÔes nĂŁo superadas...”.

       â€œA maior carĂȘncia humana Ă© de afeto e carinho, sem os quais mais ninguĂ©m se sente humanizado. E nĂŁo se sentir humanizado significa permitir a influĂȘncia dos reflexos primitivos que açulam a ganĂąncia e a crueldade provenientes do instinto de conservação exacerbado.”

 

Ermance cita tambĂ©m vĂĄrias situaçÔes que podem dar origem as carĂȘncias.

 

        â€œUma delas pode ser encontrada na ausĂȘncia de preparo para lidar com as perdas. Na Terra nĂŁo se prepara a criança para lidar com a perda. A educação Ă© quase toda destinada a fazer ‘campeĂ”es sociais’ vitoriosos em tudo. Pais frustrados tentam se realizar no sucesso de seus filhos, exigindo deles o que nĂŁo conquistaram, tentando consertar erros e fracassos atravĂ©s da criação de um ‘super-herĂłi’ dentro de casa”.

       â€œPela pressĂŁo dos responsĂĄveis pela educação, as habilidades inatas sĂŁo desconhecidas ou desconsideradas. Aqueles de psiquismo frĂĄgil que aspiram a ideais diferentes das imposiçÔes sucumbem em comportamentos desajustados no vĂ­cio ou no desequilĂ­brio dos costumes como forma de encontrar alguma gratificação e prazer a tĂ­tulo de compensação”.

        â€œCrianças muito mimadas ou recompensadas excessivamente para cumprirem os seus deveres querem tudo o que desejarem na vida adulta, inclusive o afeto alheio, e para isso mascaram-se de mil modos no jogo das aparĂȘncias como se estivessem em uma disputa da qual jamais admitem sair perdedores”.

        â€œOutras carĂȘncias surgem como ilusĂ”es da vida moderna estimuladas pela mĂ­dia e pelos costumes...”.

       â€œAs matrizes profundas da carĂȘncia podem ser encontradas no subconsciente. É o vĂ­cio milenar de exigir e esperar ser amado sem disposição altruĂ­sta suficiente para amar. Resulta de uma construção lenta e gradual com bases no egoĂ­smo”.

       â€œO carente, em verdade, Ă© um doente que deseja ardentemente amar sem conseguir. NĂŁo conseguindo, passa a exigir ser amado, criando relaçÔes complicadas e frĂĄgeis; Ă© alguĂ©m Ă  mĂ­ngua de amor, um constante cultivador da esperança de ser compensado”.

       â€œA carĂȘncia surge quando desconectamos o mundo dos sentimentos daquilo que realmente preenche e gratifica, priorizando o falso conceito de realização estipulado pela sociedade”. 

 

       Cabe destacar pela importĂąncia a afirmação de Ermance:

 

       â€œNada na criação foi criado com carĂȘncias, tudo de fato foi criado para pulsar para fora.”

 

PULSAR PARA FORA

 

       Para uma trajetĂłria adequada com a carĂȘncia podemos partir de uma situação em que haja a dependĂȘncia e busquemos fora como suprir nossas necessidades emocionais e afetivas, porĂ©m Ă© necessĂĄrio que entendamos que nĂłs mesmos somos os supridores de nossas carĂȘncias.

       Por nossa educação e atravĂ©s de consideraçÔes encontradas nas religiĂ”es, fica a impressĂŁo que as pessoas sĂł podem se realizar na medida em que recebam dos outros o atendimento das carĂȘncias.  Numa parte de nossa vida Ă© razoĂĄvel que seja assim, pois se tomarmos a fase infantil a criança nĂŁo tem como suprir suas necessidades materiais e tampouco ela entenderia como Ă© que poderia lidar com suas carĂȘncias emocionais e sentimentais. É justo que possamos oferecer o melhor em favor das criaturas que estejam nesta condição.  Entretanto, a educação da criança – e mesmo do adulto - deve permitir perceber que a trajetĂłria correta Ă© aquela que vai levĂĄ-los da dependĂȘncia para a independĂȘncia.

       Quanto Ă s carĂȘncias materiais, nĂŁo existe dificuldade para se perceber que a qualificação para o trabalho Ă© a forma mais comum para que a autossuficiĂȘncia seja alcançada. A busca de habilidades profissionais deve ser acompanhada por interesse permanente de aperfeiçoamento para acompanhar as novas possibilidades oferecidas pelo desenvolvimento do conhecimento.

       No tocante Ă s nossas carĂȘncias emocionais e sentimentais, ainda estĂĄ muito presente a visĂŁo que ao nos unir Ă s pessoas elas irĂŁo suprir as nossas necessidades de sermos amados e considerados.  Isto Ă© ficar na condição de dependĂȘncia, mas hĂĄ a possibilidade de conquistar a independĂȘncia tanto em relação aos recursos materiais e tambĂ©m atender as necessidades emocionais e sentimentais. Para isso Ă© necessĂĄrio considerar que fomos criados para pulsar para fora.

       Isto estĂĄ inteiramente de acordo com o ensinamento que diz que devemos “amar o prĂłximo” que Ă© doação por nossas açÔes, palavras e pensamentos.

       Pela “lei da semeadura” vamos compreender que a colheita para atender Ă s carĂȘncias de natureza emocional e sentimental vai se concretizar atravĂ©s da semeadura.

       As carĂȘncias desaparecem pela colheita obtida pela semeadura que Ă© o “pulsar para fora”, nĂŁo se cobra mais dos outros esse resultado.

 

UM PEQUENO EXEMPLO

 

       Um pequeno exemplo que permite pensarmos um pouco sobre  como suprir nossas carĂȘncias.

       Ao realizar uma tarefa em casa ou no local de trabalho Ă© muito comum ouvir das pessoas que o seu empenho nĂŁo Ă© reconhecido nem valorizado. Ficam decepcionadas e aborrecidas pela ausĂȘncia de consideração. Esperam receber de fora o que deve ser encontrado no interior.

       Agir da melhor forma possĂ­vel Ă© atender ao ensinamento que sugere fazer ao outro aquilo que se quer para si mesmo. Isso Ă© fazer o bem, fonte permanente de satisfação interior. A consideração e valorização por aquilo que Ă© feito nunca faltarĂŁo para aquele que pratica a “lei de ouro”. A busca exterior leva a  frustraçÔes, pois o reconhecimento pode nĂŁo acontecer.

       SerĂĄ mais provĂĄvel o reconhecimento externo quando a satisfação Ă© percebida naquele que faz. Criaturas desse tipo irradiam satisfação e nĂŁo se dedicam a cobrar o reconhecimento dos outros.

 

AGRADAR OS OUTROS

 

       Quando prevalece a imposição de agradar os outros, fica mais difĂ­cil a valorização interior daquilo que Ă© feito. Muitas vezes hĂĄ constrangimento para fazer o que nĂŁo se quer ou coisas cuja finalidade ou importĂąncia nĂŁo Ă© compreendida.

       As pessoas sĂŁo portadoras de vocaçÔes e tendĂȘncias que podem favorecer a trajetĂłria de vida, mas quando surgem as expectativas de familiares e outros Ă© possĂ­vel que forcem a realização de seus desejos sem respeitarem as potencialidades naturais. Esse desvio quando  acatado  Ă© para agradar os outros mesmo que provoque desconforto interior, sĂŁo os chamados “sacrifĂ­cios”.

 

A MELHOR OPÇÃO

 

       O amar a si mesmo, contido no mandamento de amar o prĂłximo, permite cogitar que aquilo que fazemos deve fortalecer nossa autoestima e nĂŁo necessariamente agradar os outros pelo acolhimento de seus desejos.  A autoestima Ă© base para o autoamor que, por sua vez, traz a qualificação para amar o prĂłximo. Fazer o bem segundo o princĂ­pio da “Lei de ouro” de fazer aos outros o que queremos para nĂłs Ă© a melhor opção.

       Fazer o bem Ă© a boa semeadura que tem como principal resultado a nossa felicidade. NĂŁo somos responsĂĄveis e nem capazes de assegurar a felicidade dos outros.  Podemos, Ă© certo, amparar e auxiliar as pessoas quando em condição de dependĂȘncia ainda nĂŁo superada, sem, contudo, promover a permanĂȘncia desse estado.  Mais do que o auxĂ­lio Ă© importante o esforço, para que as pessoas se libertem da dependĂȘncia e alcancem a independĂȘncia.

 

A INTERINDEPENDÊNCIA

 

       No relacionamento entre pessoas independentes Ă© possĂ­vel a convivĂȘncia harmoniosa como interindependentes. Todos fazendo aos outros aquilo que querem para si mesmos sem vinculação de dependĂȘncia. InterindependĂȘncia Ă© a convivĂȘncia entre pessoas independentes.

 

       Interindependente Ă© independente com reciprocidade.

 

        Vencer a carĂȘncia pelo “pulsar interno” Ă© um passo fantĂĄstico para nos habilitarmos de uma maneira competente nos relacionamentos.

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